Munis Bandeira
tem vasta obra em que
disseca o poderio dos Estados
Unidos a partir do financiamento de guerras e da
desestabilização de países, o
cientista político brasileiro Luiz Alberto de Vianna
Moniz Bandeira
afirma, em
entrevista aoJornal
do Brasil, que
representantes da Lava Jato, como o procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, e o juiz de primeira
instância Sérgio Moro, avançam nos prejuízos
provocados ao país e à economia nacional. Segundo o
professor, os "vínculos
notórios" de Moro e Janot com instituições
norte-americanas explicam a situação atual das
empresas brasileiras.
"Os prejuízos que causaram e
estão a causar à economia brasileira, paralisando a
Petrobras, as empresas construtoras nacionais e toda
a cadeia produtiva, ultrapassam, em uma escala
imensurável, todos os prejuízos da corrupção que
eles alegam combater. O que estão a
fazer é desestruturar, paralisar e descapitalizar as
empresas brasileiras, estatais e privadas, como a
Odebrecht, que competem no mercado internacional,
América do Sul e África", argumenta Moniz Bandeira,
que está lançando o livro A
Desordem Mundial: O Espectro da Total Dominação.
Jornal do Brasil - De que modo os EUA
participaram da destituição da presidente Dilma
Rousseff? Essas intervenções se dão em que nível, quando
comparadas às do período da ditadura militar no Brasil?
Moniz Bandeira
- Conforme o historiador John Coatsworth contabilizou,
entre 1898 e 1994, os Estados
Unidos patrocinaram, na América Latina, 41 casos de
“successful” de golpes de Estado para mudança de regime,
o que equivale à derrubada de um governo a cada 28
meses, em um século. Após a Revolução Cubana, os
Estados Unidos, em apenas uma década, a partir de 1960,
ajudaram a derrubar nove governos, cerca de um a cada
três meses, mediante golpes militares, como no Brasil.
Depois de 1994, outros métodos, que não militares, foram
usados para destituir os governos de Honduras (2009) e
Paraguai (2012). No Brasil, o impeachment da presidente
Dilma Rousseff constituiu, obviamente, um golpe de
Estado. Houve interesses estrangeiros, elite financeira
internacional, aliados a setores do empresariado, com o
objetivo de regime
change (mudança de regime),
através da mídia corporativa, com o apoio de vastas
camadas das classes médias, abaladas com as denúncias de
corrupção.
Jornal do Brasil - E qual teria sido o
papel norte-americano na destituição?
Moniz Bandeira
- Há evidências, diretas e indiretas, de que os Estados
Unidos influíram e encorajaram a lawfare,
a guerra jurídica para promover a mudança do regime no
Brasil.
O juiz de primeira instância
Sérgio Moro, condutor do processo contra a
Petrobras e contra as grandes construtoras nacionais,
preparou-se, em 2007, em cursos promovidos pelo
Departamento de Estado.
Em 2008, ele participou de um
programa especial de treinamento na Escola de Direito de
Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em
outubro de 2009, participou da conferência regional
sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida
no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos. A
Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as
comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de
irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT
e, possivelmente, forneceu os dados sobre o
doleiro Alberto Yousseff ao juiz Sérgio Moro, já
treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de
investigação, inclusive com demonstrações reais (como
preparar testemunhas para delatar terceiros).
Jornal do Brasil - O sr, cita também o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no
desmantelamento de empresas brasileiras...
Moniz Bandeira
-
Rodrigo Janot
foi a Washington, em fevereiro de 2015, apanhar
informações contra a Petrobras, acompanhado por
investigadores da força-tarefa responsável pela Operação
Lava Jato, e lá se reuniu com o Departamento de Justiça,
o diretor-geral do FBI, James Comey, e funcionários daSecurities
and Exchange Commission (SEC).
A quem serve o juiz Sérgio Moro, eleito pela revistaTime um
dos dez homens mais influentes do mundo? A que
interesses servem com a Operação Lava-Jato?
A quem serve o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot?
Ambos atuaram e atuam com órgãos
dos Estados Unidos, abertamente, contra as empresas
brasileiras, atacando a indústria bélica nacional,
inclusive a Eletronuclear, levando à prisão seu
presidente, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Os
prejuízos que causaram e estão a causar à economia
brasileira, paralisando a Petrobras, as empresas
construtoras nacionais e toda a cadeia produtiva,
ultrapassam, em uma escala imensurável, todos os
prejuízos da corrupção que eles alegam combater.O que estão a
fazer é desestruturar, paralisar e descapitalizar as
empresas brasileiras, estatais e privadas, como a
Odebrecht, que competem no mercado internacional,
América do Sul e África.
Jornal do Brasil - Levando-se em
consideração a destruição de empresas de infraestrutura
no país, projetos para acabar com a exclusividade da
Petrobras na exploração da commodity, o senhor acredita
na tese de que o cérebro da Lava Jato está fora do país?
Se sim, como se daria isso?
Moniz Bandeira
- Não há cérebro. Há interesses estrangeiros e nacionais
que convergem. Como apontei, os vínculos do juiz Sérgio
Moro e do procurador-geral Rodrigo Janot com os Estados
Unidos são notórios. E, desde 2002, existe um acordo
informal de cooperação entre procuradores e polícias
federais não só do Brasil, mas também de outros países,
com o FBI, para investigar o crime organizado. E daí
que, provavelmente, a informação através da espionagem
eletrônica do NSA, sobre a corrupção por grupos
organizados dentro da Petrobras, favorecendo políticos,
chegou à Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro.
A delação premiada é
similar a um método fascista. Isso faz lembrar a Gestapo
ou os processos de Moscou, ao tempo de Stálin, com
acusações fabricadas pela GPU (serviço secreto). E é
incrível que, no Brasil, um juiz determine, a polícia
faça prisões arbitrárias, ilegais, sem que os indivíduos
tenham culpa judicialmente comprovada, um procurador
ameace processá-los se não delatarem supostos crimes de
outrem, e assim, impondo o terror e medo, obtêm uma
delação em troca de uma possível penalidade menor ou
outro prêmio. Não entendo
como se permitiu e se permite que a Polícia Federal,
que reconhecidamente recebe recursos da CIA e da DEA,
atue de tal maneira, ao arbítrio de um juiz de 1ª
Instância ou de um procurador, que nenhuma autoridade
pode ter fora de sua jurisdição, conluiados com a
mídia corporativa, em busca de escândalos para atender
aos seus interesses comerciais.
A quem servem?
Combater a corrupção é certo,
mas o que estão a fazer é destruir a economia e a imagem
do Brasil no exterior. E em meio à desestruturação da
Petrobras, das empresas de construção e a cadeia
produtiva de equipamentos, com o da “lawfare”,
da guerra jurídica, com a cumplicidade da mídia e de um
Congresso quase todo corrompido. O bando do PMDB-PSDB
apossou-se do governo, com o programa previamente
preparado para atender aos interesses do sistema
financeiro, corporações internacionais e outros
políticos estrangeiros.
Jornal do Brasil - O economista
Bresser-Pereira, ex-ministro de FHC, afirma, na
apresentação de A Desordem Mundial, que os EUA, segundo
a tese do senhor, passaram por um processo de democracia
para a oligarquia. Que paralelo se pode fazer com o
Brasil nesse sentido, tomando como base as últimas três
décadas? O sr. acredita que passamos brevemente por um
momento de democracia e agora voltamos à ditadura do
capital financeiro/oligarquia?
Moniz Bandeira
- Michel
Temer, que se assenhoreou da presidência da república,
não governa. É um boneco de engonço. Quem dita o que ele
deve fazer é o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, como representante do sistema financeiro
internacional. E seu propósito é jogar o peso da crise
sobre os assalariados, para atender à soi-disant, “confiança
do mercado”, isto é, favorecer os rendimentos do capital
financeiro, especulativo, investido no Brasil, e de uma
ínfima camada da população - cerca de 46 bilionários e
10.300 multimilionários.
Jornal do Brasil - O senhor afirma que
onde quer que os EUA entrem com o objetivo de
estabelecer a democracia, eles entram na verdade por
interesses políticos e econômicos. É esse o caso da
aproximação dos norte-americanos com Cuba? Fidel Castro
é um dos que compartilhavam dessa visão de interesse.
Moniz Bandeira
- Sim, havia forte pressão de empresários
americanos para o restabelecimento de relações com Cuba,
por causa de seus interesses comerciais. Estavam a
perder grandes oportunidades de negócios e investimentos
devido ao embargo econômico, comercial e financeiro
imposto a Cuba desde fins de 1960, portanto mais de 50
anos, sem produzir a queda do regime instituído pela
revolução comandada por Fidel Castro. Era um embargo de
certa forma inócuo, uma vez que outros países, como o
Brasil, estavam a investir e fazer negócios com Cuba. A
construção do complexo-industrial de Mariel, pela
Odebrecht, com equipamento produzidos pela indústria
brasileira e o apoio do governo do presidente Lula,
contribuíram, possivelmente, para a decisão do
presidente Barack Obama de normalizar as relações Cuba.
Essa Zona Especial de Desarrollo de Mariel (ZEDM), 45
quilômetros a oeste de Havana, tende a atrair
investimentos estrangeiros, com fins de exportação,
bem como opção para o transbordo de contêineres, a
partir da ampliação do Canal do Panamá, ao permitir a
atracagem dos grandes e modernos navios de transporte
interoceânicos. Tenho um livro sobre as relações dos
Estados Unidos com Cuba (De
Martí a Fidel – A Revolução Cubana e a América Latina).
Jornal do Brasil - O processo de apoio
financeiro de instituições políticas às religiões
cristãs de direita, tal como o senhor descreve ao tratar
do governo Bush, se assemelha de alguma forma ao
contexto do Brasil, levando-se em conta o crescimento da
bancada evangélica no Congresso Nacional e a conquista
de cargos do Poder Executivo por representantes da
Igreja?
Moniz Bandeira - Sim, o processo é
secreto. Ocorre através de ONGs, muitas das quais são
financiadas pela USAID, National Endowment for Democracy,
conforme demonstro emA
Segunda Guerra Friae A
desordem mundial, bem como
através de outras agências semi-oficiais e privadas.
Essas igrejas também coletam muito dinheiro dos crentes,
acumulam fortunas. E as bancadas de deputados recebem
dinheiro de empresas não nacionais,
mas de grandes
empresas estrangeiras, muitas das quais apresentam no
Brasil balanços com prejuízos, conquanto realizem seus
lucros nas Bahamas e em outros paraísos fiscais.
Tais empresas multinacionais não foram investigadas pelo
juiz Sérgio Moro, o procurador-geral Rodrigo Janot e a
força-tarefa da Operação Lava-Jato et caterva. A quem
eles servem? Racine, o dramaturgo francês,
escreveu que “não há segredo que o
tempo não revele”. Não sabemos exatamente agora,
porém podemos imaginar.
Nos do resistenciabr acrescentamos que o sistema
economico ocidental formulado em cima da farça do dolar
se apavorou com os BRINKS que a corajosa Dilma aderiu
que tem por fim criar uma nova moeda de transação
internacional Isso desbancaria o poderia deles por isso
deram o golpe aqui e o povo sem visão politica foi
induzido a dar quarida
Cabe agora a todos resisteirem diferente de 64 antes que
seja tarde de mais vamos criar comites de resistencia
pacifica ao estilo Gandy para salvar a nos mesmo e nosso
descendentes. Acordem por amor de
Deus