Brasil: segundo em desempregados no mundo
Wagner Gomes
Do GloboNews.com

SÃO PAULO. Em 20 anos, o Brasil pulou da nona para a segunda posição entre os 
países com maior quantidade de desempregados no mundo, ficando atrás apenas 
da Índia. É o que mostra levantamento divulgado ontem pela secretaria de 
Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade do município de São Paulo. Em 1980, 
havia no Brasil 964,2 mil pessoas sem emprego. Em 2000, esse número subiu 
para 11,454 milhões. Na Índia, há dois anos, havia 41,344 milhões de 
desempregados. 

A pesquisa foi feita a partir do cruzamento e análise de dados do Fundo 
Monetário Internacional (FMI), da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT), da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e do Banco Mundial 
(Bird). 

— O Brasil perde participação na soma do Produto Interno Bruto (PIB) dos 
países, mas dispara no ranking do desemprego mundial, superando o número de 
desempregados de Estados Unidos, Rússia, Alemanha e até a Indonésia — afirmou 
Márcio Pochmann, secretário do Trabalho e coordenador da pesquisa. 



País responde por 7% do desemprego mundial 

Segundo ele, embora responsável por menos de 3% da população mundial, o 
Brasil tem 7% do desemprego do mundo. O secretário disse que é preciso mudar 
as ações econômicas pois países que investem pouco em tecnologia têm a 
questão social agravada pela alta taxa de desemprego. Segundo a pesquisa, das 
oito nações com mais desempregados no mundo em 2000, três eram do grupo dos 
sete países mais ricos, dois a menos que em 1980. 

— Pouco adianta avançar em qualificação profissional, regulação do mercado de 
trabalho e proteção dos desempregados se não considerarmos que o país precisa 
avançar na inovação tecnológica. Os investimentos em tecnologia podem 
garantir uma política agressiva de comércio exterior e compromisso de 
crescimento econômico — disse o secretário. 

Pochmann: globalização beneficiou mais países ricos 

Pochmann disse que o desemprego é um problema nacional e exige respostas do 
governo federal. Ele defendeu a redução imediata das taxas de juros. O 
secretário afirmou que os países desenvolvidos sofrem menos com a 
globalização. Em 2000, só a Espanha fez parte do grupo de 30 países com taxas 
de desemprego aberto mais elevadas. Em 1980, quase um terço era de países 
desenvolvidos. 

— Os efeitos da globalização são mais positivos para as nações desenvolvidas. 
Os países desenvolvidos registraram taxas importantes de expansão de suas 
economias e os países não-desenvolvidos apresentaram muita oscilação e 
desempenho muito diferenciado entre si, geralmente baixo — disse o 
coordenador do estudo. 

Em relação ao Brasil, a taxa de desemprego subiu de 2,2% em 1980 para 15% em 
2000, segundo a pesquisa. Com isso, o país passou a ocupar a 23ª posição no 
ranking mundial das taxas de desemprego aberto (em 1980 estava na 91ª 
posição). Pelo levantamento, enquanto a produção nacional foi multiplicada 
por 1,6 e a população por 1,4, o volume de desempregados no país subiu 11,9 
vezes. 

O Brasil perdeu participação na distribuição do PIB mundial nos últimos 20 
anos, passando de 2,9% em 1980 para 2,6% em 2000. Na distribuição dos 
investimentos no mundo, o país caiu de 3,2% para 2,6%; nas exportações, de 
1,2% para 0,9%; na importação, de 1,4% para 1%.

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