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nacionalista, patriota economista Armindo Abreu Veja
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Aqui você verá como nasceu e cresceu o Governo Mundial apátrida
DELENDA NEW YORK, A NOVA CARTAGO!!!
Armindo Augusto de Abreu
Economista
"Digamos que tudo aquilo que sabes não seja
apenas errado, mas uma mentira cuidadosamente engendrada. Digamos que tua mente esteja entupida de falsidades: sobre ti mesmo, sobre a história, sobre o mundo à tua volta, plantadas nela por forças poderosas visando a conquistar, pacificamente, tua complacência. A tua liberdade, nessas circunstâncias, não passa de uma ilusão, pois és, na verdade, apenas um peão num grande enredo e o teu papel o de um crédulo indiferente. Isso se tiveres sorte. Se, em qualquer tempo, convier aos interesses de terceiros, o teu papel vai mudar: tua vida será destruída, serás levado à fome e à miséria. Pode ser, até, que tenhas de morrer. Quanto a isso, não há nada que possa ser feito. Ah! Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até podes tentar alertar as pessoas, demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos bastidores. Mas, mesmo nesse caso, não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos demais, invulneráveis demais, invisíveis demais, espertos demais. Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti, também vais perder". |
Charles P. Freund, editorialista do "The Washington
Post".
O TERROR APUNHALA PELAS COSTAS, SEM DÓ NEM PIEDADE!!!
"O pior cego é o que não quer ver"
Brocardo português
Está, finalmente, assentada a mistura amorfa de escombros,
detritos letais e
corpos pulverizados, em decomposição, no que se transformaram,
de forma tão trágica, as
outrora orgulhosas torres simétricas do Centro de Comércio
Internacional (WTC),
modificando, para sempre, a inconfundível paisagem e tornando o
ar ao sul da outrora
aprazível Manhattan, carregado de germes nocivos e odores
insuportáveis, no mais insalubre e
irrespirável do planeta...! Quase secos os vales de lágrimas
de revolta, indignação e vingança,
torna-se o terreno fértil e convidativo para que, serenamente,
possamos perscrutar fatos, sob a
fria e serena ótica da isenção, ao abrigo da avalanche de
emoções, desatinos e interesses que
incendiaram o terrível e monumental episódio. Perplexidades à
parte, é chegada a hora de
penetrar no espesso lamaçal de verdades e mentiras, entender e
explicar o aparentemente
inexplicável. Por que foi escolhida a cidade de Nova York para
monumental cenário da
tragédia, a mais cosmopolita dos tempos modernos, centro
mundial do business
contemporâneo, assim como o foram, no passado, Cartago,
Alexandria, Constantinopla,
Veneza, Amsterdam, Recife ou Londres? Que desejos secretos,
motivações obsessivas ou
arrebatamentos insanos poderiam estar dissimulados por trás de
surpresa tão pavorosa? Qual
foi o verdadeiro objetivo alcançado pelo atentado devastador?
Seriam as versões correntes
confiáveis, isentas, ou esconderiam interesses restritos,
inconfessáveis? Devemos
simplesmente nos acomodar e aceitar, sem questionamentos, tais
versões e conclusões
apresentadas pela mídia, pelos "scholars", cientistas
políticos, professores, pelos governos das
maiores potências ou devemos nos colocar atentos, coniventes
com as dúvidas, prontos para
reagir a um possível embuste? O que teria acontecido na
verdade? Qual o porquê de tudo
isso?... Antes de procurar responder a essas e a outras
instigantes perguntas, devemos, como
em qualquer eletrizante folhetim de mistério, paixões e morte,
selecionar, ordenar fatos que,
realmente, possam pesar e influir na solução do fantástico
enigma proposto pelo tão festejado
terceiro milênio, logo em seu alvorecer. Vejamos, então, que
estórias úteis à solução do
mistério nos conta a própria história... A trajetória
terrena dos seres humanos tem evoluído a
partir de estímulos excitados por distintas motivações:
inicialmente, ante o medo do
desconhecido, no ambiente cruel e hostil que cercava os
primeiros homens e nos períodos
subseqüentes, quando prevalecia a imposição de sua vontade
pelo vigor físico ou o uso das
armas, tão somente pela violência,
domínio predominante de
uma surgente casta
militar.
Durante o estabelecimento da vida de relação com seus
semelhantes, da dominação do meio ambiente
e organização das formas de sobrevivência, embriões da
política, da economia, da
cultura e da ciência, houve uma intensa valorização de suas relações
com o plano espiritual e
a adoção de crenças
e valores religiosos, os
quais já lhe vinham influenciando ou sugerindo
passos desde a mais remota antiguidade. Esses princípios
fizeram surgir uma nova classe de
pessoas, os sacerdotes das várias crenças, capazes, ao induzir
a introjeção desses valores e
dogmas de fé no espírito humano, de amenizar-lhe a força
bruta, conter-lhe a agressividade,
dar-lhe à vida um certo sentido finalístico, com maior
temperança aos impulsos carnais e
ambições materiais. Eles não só conseguiram esse objetivo,
durante séculos, como também
lograram, habilmente, interpor-se entre o poder militar, já
então institucionalizado pela
obediência e pela disciplina, o que possibilitava manter a
violência sob controle social e
político, e a emergente e poderosa influência econômica dos
mercadores de bens, serviços e
dinheiro, responsáveis pela excitação a uma vida mundana.
Tornaram-se os sacerdotes, então,
durante longos períodos, numa espécie de poder
moderador entre essas
forças. Exercida com
extrema proficiência, tamanha habilidade gerou, mais adiante,
com a aquiescência e a
cooperação militares, a fusão dos poderes espiritual e
temporal, inaugurando a fase das
teocracias1.
Finalmente, através de competentes e eficazes ofensivas de cunho puramente
racional e
materialista,
começaram a prevalecer e a se impor as organizações (ostensivas ou
secretas) políticas, econômicas e culturais fomentadas por
mercadores e banqueiros,
interessados na constituição de uma sociedade humana infensa
às voluntariosas influências
militares e religiosas, calcada apenas no respeito ao direito
positivo2.
O sucesso alcançado por
essas confederações de negócios ficou mais visível a partir
do século XVIII, quando passaram
a estimular e promover um corpo social ainda difuso ao qual,
significativamente,
denominaram sociedade
civil, valorizando o que
hoje conceituamos, também de forma ainda
pouco nítida, como cidadania.
Esta suposta ascensão
proletária foi
particularmente útil à
consagração do princípio de separação entre estado e
igreja, da implantação do governo
laico,
em que o poder, coisa meramente terrena como defendia John Locke
e sustentaram, sob sua
inspiração, os revolucionários americanos na "Guerra da
Independência" contra o Reino
Unido, seria exercido, republicanamente, apenas pela vontade
popular e não mais a
de Deus.
Esta revolução no plano das idéias foi sancionada ante o
tácito respaldo dos militares,
sensíveis a elas e acostumados à obediência à lei por sua
formação, calcada na disciplina e na
hierarquia e, portanto, desde então, tradicionalmente
racionalistas, democráticos,
republicanos. Dessa forma, passo a passo, a partir de alianças
históricas entre essas três forças
básicas, feitas ou desfeitas ao longo do tempo, o homem
contemporâneo vê-se guindado a
uma existência fortemente suportada no discurso
da razão, na liberdade
irrestrita, na plena
satisfação dos prazeres carnais e materiais, hedonistas, na
febril perseguição ao dinheiro e a
tudo que ele pode comprar. Políticos governam o planeta muitas
vezes sustentados pelo poder
econômico de organizações criadas pelos antigos mercadores,
apoiados por maciça cobertura
da mídia
e dos centros
de pesquisa de opinião. A
divulgação constante dessas pesquisas e de
notícias em tempo real criam no público ilusões da verdade, o
hábito e a obrigação de se
manterem sempre conectados aos veículos de informação,
jornais, revistas, rádios, televisores,
computadores on
line. Segundo essa
perspectiva de conexão
permanente acreditam estar
inseridos no contexto,
atualizados com os acontecimentos da
hora, modismos e
tendências
que lhes subtraem imaginação, o hábito de pensar, analisar e
transformam-nos em homens e
mulheres do
seu tempo, meros cabides
de pensamentos únicos, convergentes... Liberdade,
democracia, ciência e tecnologia foram as palavras-chaves
empregadas pela propaganda dos
homens de negócios em
tamanho processo de convencimento e migração da sociedade
ocidental, com seus antigos, tradicionais valores religiosos
judaico-cristãos, para o modus
vivendi preconizado
pelo consumismo da modernidade. Mas, apesar da predominância dessa
ideologia, aparentemente consagrada e definitiva do materialismo
capitalista liberal, em
que
até o fim da história foi prematuramente anunciado, percebe-se
que o conflito persiste e está
longe de ser inteiramente resolvido, como nunca o foi no
passado. De tempos em tempos, em
diferentes locais do planeta, os esquemas de poder se alternam e
se reagrupam, deixando no
seu rastro uma legião de insatisfeitos ou revoltados. Tamanha e
tão acirrada disputa na
definição da etiologia do poder, centrada em choques
permanentes e alianças entre adeptos da
1 Forma
de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por
seus representantes na
Terra. O Estado com essa forma de governo.
Apud BUARQUE
de HOLLANDA, Aurélio in "Dicionário
Aurélio Séc. XXI". N.A.
2 Diz-se
do direito estabelecido pela lei comum, votada por maiorias simples
estabelecidas nos parlamentos e,
portanto, influenciáveis por interesses ou fatores outros que
não espelhem, necessariamente, os valores morais,
éticos ou religiosos prevalentes na sociedade. N.A.
violência, da
espiritualidade
ou da pura ambição
materialista, fica
nitidamente configurada
em pelo menos três momentos distintos e marcantes na
trajetória da humanidade, verdadeiros
referenciais históricos plenamente representativos das
motivações em conflito. Eles definem a
verdadeira raiz das encarniçadas disputas pelo poder terreno,
hoje simplificadas, na síntese de
Bush, filho, a uma prosaica luta entre o bem
e o mal.
"NOVA YORK OU NOVA CARTAGO ???"
Às pessoas de todo o país que quiserem nos ajudar eu dou uma
ótima sugestão:
venham aqui e gastem dinheiro. Freqüentem restaurantes,
assistam aos shows.
A vida na cidade continua.
"Outdoor" plantado em plena Broadway, N.York, firmado
pelo seu prefeito Rudolph Giuliani.
Hei, você aí! Me dá um dinheiro aí!
Moacyr Franco, em bordão criado para a TV e marchinha
carnavalesca.
Registra a história antiga que nas ilhas do Mar Egeu,
principalmente em Creta,
desenvolveu-se uma civilização bastante adiantada, cuja
influência muito contribuiu para os
progressos da navegação e para a afamada cultura grega. Sua
principal fonte de renda residia
no comércio e no transporte marítimo. Foram eles, cretenses ou
egeus, indubitavelmente, os
pioneiros da navegação no Mediterrâneo, pois sulcaram os
mares, em bem construídos navios,
séculos antes de que os fenícios o fizessem. Ao desaparecerem,
provavelmente trucidados
pelos povos da Grécia e da Ásia Menor, deram azo a que os
fenícios, de origem semita 3,
livres da concorrência, não tardassem a tornar-se o mais
afamado povo da antiguidade nessas
atividades econômicas. Apertados numa estreita faixa de terra
entre o mar Mediterrâneo e os
Montes Líbanos, eles nunca chegaram a constituir um estado
único, pois suas cidades se
conservaram autônomas, formando uma espécie de confederação.
As principais delas eram
ativos e populosos portos como Tiro, Biblos, Berit (hoje
Beirute) e Sidon. Como estenderam
suas atividades por todo o Mediterrâneo e, fora dele, chegaram
ao Mar do Norte e à Arábia,
fundaram, nessa peregrinação, centenas de feitorias e algumas
colônias, muitas das quais são
ainda hoje cidades importantes, como Chipre, Coreira (Corfu),
Melita (Malta), Trípoli, Tunis,
Tanger e Cartago. Os membros dessas famílias moravam em
palácios imensos, cercados de
um luxo fabuloso, e cada uma delas formava uma empresa comercial
distinta, esforçando-se
por ser economicamente independente das demais, tendo a sua
própria esquadra, suas próprias
fábricas. O trabalho manual era quase todo feito por escravos e
os grandiosos tesouros, que
refletiam a intensa acumulação capitalista da época, ganhos
no comércio, eram defendidos por
exércitos particulares de mercenários. O primeiro grande
centro desse imenso poder foi a
cidade de Cartago, antiga colônia fenícia. Situada na Tunísia
atual, essa cidade havia
enriquecido extraordinariamente com o comércio marítimo. Suas
esquadras dominavam o
Mediterrâneo e outras rotas fora dele, em direção ao norte da
Europa. Mantinha os mais
dispendiosos e eficientes exércitos de mercenários da época
e, com eles, empreendia
conquistas destinadas a lhe trazer fartos proveitos econômicos.
Após as vitórias romanas,
3 SEMITAS:
povos de origem asiática e seus descendentes, dotados de certas
características comuns, como os
hebreus, os árabes e outros grupos que habitavam ou habitam o
Oriente Próximo, tais como os assírios,
fenícios e aramaicos. Sua denominação vem do fato de que,
segundo o Velho Testamento, descendem de Sem,
um dos filhos de Noé. N.A.
submetendo todas as populações da península itálica, a
Sicília, então uma província
cartaginesa
rival, perigosamente próxima ao território
continental romano, passou a ser o alvo
preferencial do surgente império. Outro motivo de grande
contrariedade era o baixíssimo
preço fixado pelos cartagineses para o trigo siciliano, fazendo
danosa concorrência às
lavouras do continente. Foi o mais antigo caso de
"dumping" comercial já registrado na
história e os romanos, certamente, não gostaram dele... Havia,
pois, um grande interesse em
tomá-la aos mercadores que, em face dessa disposição, também
não tinham grandes razões de
apreço pelo exército adversário. Após encarniçadas
batalhas, entre legiões romanas e os
exércitos cartagineses de Amílcar e Aníbal, Cartago foi
tomada por Cipião Emiliano. Havia,
entretanto, entre próceres romanos, o temor de que a cidade de
Aníbal ainda se recuperasse
dos revezes, graças à tremenda capacidade comercial e
financeira de seus habitantes, voltando
a ameaçar a estabilidade romana. Um famoso político romano,
Catão, o
Censor, terminava
invariavelmente seus discursos no Senado com as palavras Delenda
Cartago! (Cartago
deve
ser destruída!).
As suas exortações foram ouvidas e Cartago tomada, para sempre, aos
comerciantes e totalmente destruída. A luta foi encarniçada,
"rua por rua e casa a casa".
Cessada a resistência, os vencedores arrasaram-na e semearam
sal sobre o entulho, a fim de
que no local não crescesse, durante muito tempo, nenhuma
vegetação. Os mercadores não
estimaram essa fragorosa perda que lhes custara tanto o
predomínio do Mediterrâneo quanto a
rota de infiltração terrestre para o norte da Europa, com a
tomada de Espanha, então província
cartaginesa. "Delenda Cartago" foi a frase latina que,
amaldiçoada e repetidamente, sempre os
acompanhou nos sofridos revezes subseqüentes no Mediterrâneo
ou no norte da Europa, para
onde migraram sucessivamente, vendo sempre desmoronar planos e
bases do seu sonho
milenar planetário: o de formar
uma "confederação internacional de mercadores"...
Durante
séculos essa sentença não lhes abandonaria o espírito e a
memória, por todo o longo processo
de sucessivas e fracassadas reconstruções de interesses que se
viram forçados a empreender.
A supressão do estudo do latim, antigo idioma do mundo global
cristão, nas escolas
ocidentais, feita a pretexto de enterrar
uma língua morta, deu aos
mercadores a alegria e a
falsa certeza de que, com a vitória alcançada no apagar das
luzes do século XX, o do fim
da
história,
esse idioma estaria afastado, em definitivo, de suas vidas. Mal sabiam eles que,
na
mais completa surdina, em lúgubres conspirações que lhes
voltariam a arrepiar a alma e,
outras vezes, afastar-lhes o sono, a frase maldita ainda seria
pronunciada e repetida, muitas e
muitas vezes, com uma sutil e tenebrosa diferença:
"Delenda Nova York!, Delenda Nova
York!, Delenda Nova York!..."
|
Manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Da sabedoria popular.
A simbólica unificação
política, econômica e militar entre ocidente e oriente,
isto é, de
todo o mundo conhecido à época, foi verificada sob a égide do Império Romano
no
século I a.C., com a conquista do Egito, transformando o mar Mediterrâneo
num autêntico
"lago romano". Essa enorme façanha representou
o apogeu de um longo ciclo da trajetória
humana, que tivera seu início
no homem das cavernas. Vivendo, inicialmente, como animal
acuado,
soube sobrepor-se, paulatinamente, aos desafios e dificuldades que lhe foram
impostos pela natureza, vendo despertar, além do instinto da violência que lhe
adestrou
músculos, reflexos e a capacidade de se organizar e combater, os lampejos da
genialidade que
o consagrariam como ser superior, verdadeiro rei
da criação, legítimo herdeiro espiritual da
centelha divina... As
principais nações da antiguidade, situadas no oriente, eram dotadas de
poderosas
organizações beligerantes cujo desenvolvimento muito contribuiu para as primeiras
noções de organização da sociedade. Para enfrentar, com sucesso, suas empreitadas
violentas,
foi preciso que os homens aprendessem a coordenar seus
movimentos e ações, a agir e a lutar
em conjunto e a desenvolver
noções de logística e mobilização, utilíssimas à própria
organização
civil. À bravura necessária aos primitivos, veio ser acrescida uma nova virtude
militar: a disciplina, que não pode nem deve ser confundida com a mera noção
de obediência.
A disciplina, sendo a consciência do indivíduo de
que deve dirigir suas ações de acordo com
um plano geral, define
a importância da atividade militar para a própria evolução do ser
humano.
Monumentos antiqüíssimos dos egípcios e dos hititas já mostram soldados em
"linhas
de combate". As batalhas se produziam entre exércitos propriamente ditos
e não mais
apenas entre bandos de inimigos. O surgimento de armas
mais leves e cortantes, feitas de
ferro em substituição ao primitivo
bronze, veio demandar treinamento especializado na arte da
esgrima
e os exercícios em conjunto. Já não bastavam a um militar apenas a força bruta
e a
coragem física, o que explica o surgimento da casta guerreira,
intelectualizada além de forte, e
sua preponderância sobre as demais.
Uma das grandes inovações bélicas da antiguidade
oriental foi o surgimento
da cavalaria, atribuída aos cassitas, um povo que vivia nas
imediações
da Mesopotâmia. A princípio, os cavalos seriam utilizados somente para tração
de
carros de combate, cujas figuras se vêem em inúmeros desenhos
egípcios. Em épocas
posteriores surge a cavalaria, como consagrada,
o que certamente conferiu grande vantagem
às primeiras nações que
a empregaram. Essas inovações, seguidas de outras como os carros de
guerra
com foices rotativas, usados na Assíria e no Império Persa, de construções fortificadas
com muralhas, torres, parapeitos, o uso de flechas incendiárias e catapultas,
geraram
necessidades de novas táticas de enfrentamento entre exércitos
e cavalarias. O gênio e a
inteligência militares começaram a brotar
ante a premente necessidade de sobreviver e de
progredir. A partir
daí começaram a ser estudados meios táticos e estratégicos, isto é, a
própria
arte da guerra que
os gregos, romanos e chineses muito iriam aperfeiçoar.
Essas
importantes noções consolidam a idéia de que as forças armadas,
mesmo que disso não
tenhamos, às vezes, exata percepção, vêm corresponder
à
expressão física do instinto de
preservação e sobrevivência de uma
nação. 4
São
elas, portanto, não só o primeiro sinal de
formação espontânea da
nacionalidade como o último baluarte da sua soberania,
independência
e altanaria. Muito embora, em determinados momentos históricos, os militares
não tenham hesitado em assumir as rédeas do poder
moderador, antes privilégio
dos
sacerdotes, acumularam-no, ousadamente, com o papel de fiéis
da balança na emergência
de
graves impasses gerados por conflitos de poder, que nunca temeram
exercer sempre que
o seu
grupo nacional esteve em perigo.
Afinal, os militares são, na
sua forma, o
povo fardado e
armado.
Por isso são tão temidos e seu sistemático desmerecimento, as tentativas de
deslustro
constante aos olhos dos civis, apenas
refletem esse temor. Afinal,
constituem-se, em
sua
essência,
no único segmento popular, organizado e aprestado, apto a reagir às ameaças
de
perda da identidade nacional.
Vontade popular e apoio militar são uma combinação
irresistível,
explosiva, imbatível. Por essa razão tão óbvia, os mecanismos de predomínio
não
descuidam em manter um estado de tensão permanente entre ambos,
uma incompatibilidade
artificial que lhes permita a prevalência de
outras associações de poder, mais cômodas aos
seus desígnios.
Embora rotulem os militares, por mera
conveniência, de autoritários,
ditadores, adeptos da tortura, aproveitam-se
do fato de que essa corporação sempre foi, e será,
fiel cumpridora
da lei. É sabido que transgressões de qualquer espécie sempre foram
inferiores entre militares,
se comparados a quaisquer outros segmentos profissionais ou
populacionais.
Outra forma de penosa submissão que lhes é imposta, em função de seu
exacerbado
respeito à lei, é a questão do soldo. Tudo que exigem os soldados regulares
é uma
sobrevivência digna, que freqüentemente lhes é negada sob razões
de escassez de recursos.
Sabem as autoridade que, disciplinada e
respeitosamente, eles serão sempre os primeiros a
aceitar sacrifícios.
Conscientes de seu papel de protetores, renunciarão às prioridades
cedendo-as,
de bom grado, ao restante da sociedade, e se curvarão a despeito de dura cerviz.
Afinal, só mercenários trocam ideais ou bandeiras por generoso soldo, nunca
tropas nacionais.
Essa ótica míope, caolha, pretende mantê-los dóceis,
submissos, despojados de poder por mal
remunerados, equipados e alimentados.
Grande engano. Existirá, sempre, uma única
possibilidade excludente
a esse princípio universal de obediência e do respeito irrestrito à
autoridade
constituída, a exceção que confirmaria a regra, embora raramente mencionada
ou
admitida. À vista de eventuais sofrimentos de seus protegidos,
de intensos e justos protestos
contra políticas espúrias de governantes
que desviem rumos ou percam a legitimidade no
poder, seria radicalmente
alterada a cadeia natural de comando. Nessas circunstâncias, ensinanos
a
história, o "clamor público", a chamada "voz das ruas" elevar-se
ia ao patamar de
autoridade, superando, transitoriamente, a força
das leis impressas e proclamadas. Esses
princípios básicos de legitimidade
e autoridade populares, prevalentes nas revoluções
americana e francesa
sob princípios filosóficos racionalistas, como os defendidos por John
Locke,
sempre estiveram presentes à formação castrense, inclusive no Brasil. Por tais
razões,
em
qualquer parte do mundo,
forças armadas acatarão sempre
as
ordens superiores,
especialmente se, e quando, emanadas de uma população
espoliada e sofrida (mas sempre a
fonte legítima e indiscutível do
poder maior, no regime democrático republicano), revoltada
contra
dirigentes opressores ou que se coloquem, flagrantemente, acima ou além dos
objetivos
nacionais... À medida que se expandiam e consolidavam
cidades e impérios, essas forças
armadas tornavam-se indispensáveis,
tanto para assegurar defesa e manutenção de seus vastos
domínios
quanto para conquistar novas terras, quando a expansão se tornava vital ou
necessária.
Elas lhes serviam, também, para impor respeito aos povos vizinhos ainda
insubmissos
e obter vantagens nas relações internacionais.
Visando suprir carências de mão
de obra guerreira ou de contornar essa característica de
marcante apego à pátria, incômoda aos
projetos de prevalência nos negócios e associações
comerciais entre povos distintos, os
mercadores começaram a contratar defensores competentes, muito
bem remunerados, para
proteger seus negócios e patrimônio, às vezes até mesmo
escravos guerreiros que adquiriam,
treinavam, armavam e alforriavam. Com isso, fez-se a primeira
privatização conhecida da
história, a da segurança, confiada a profissionais de valor
mas sem compromissos com a
nacionalidade e o patriotismo. Pela força e qualificação
desses competentes exércitos
mercenários, as organizações de mercadores começaram sua
longa trajetória em busca de uma
instituição que pairasse acima e além das nações que se
consolidavam. Buscavam, sabe-se
hoje, uma espécie de estado
supranacional,
construído
à feição de suas conveniências e
objetivos. Entretanto, a hercúlea façanha do império romano,
unificando o mundo pela
bravura e pela força da espada, subjugando heranças de povos e
culturas milenares, todos
representantes do que de mais importante houvera e havia na
Antiguidade, em esferas da
inteligência, da criatividade, do conhecimento humanístico,
das ciências, das atividades
agrícolas, pastoris, domínio e manuseio dos metais, da
militaria (nacional ou mercenária), do
comércio e das transações financeiras, representou o primeiro
movimento concreto de
globalização da
história humana, assentado nos fundamentos que o homem melhor conhecera,
desenvolvera e utilizara até então, acima e além de quaisquer
outros valores ou preceitos de
moral, ética e religião: o monopólio da força
e da violência!!!
A GLOBALIZAÇÃO ESPIRITUAL:
O PODER DA RELIGIÃO E DA FÉ.
"Governar
só a Deus compete. Ele estabelece o direito.
É O mais excelso dos
sentenciadores".
Surata 6, versículo 57: I do Alcorão.
"Ao se instalarem na palestina, os hebreus se distinguiam dos demais povos
do
oriente próximo por serem monoteístas, acreditando num Deus único,
eterno e imaterial, não
podendo, portanto, ser reproduzido em estátuas
majestosas como as divindades de outras
nações. Era, sem dúvidas,
uma forma superior e elevada de religião, dificilmente
compreensível
pelos outros povos da época, acostumados às cerimônias suntuosas ou
aterrorizantes,
proporcionadas por insinceras e poderosas classes sacerdotais às massas
incultas
e supersticiosas. Quando esses monarcas passaram a reinar sobre os hebreus,
logo
procuraram introduzir-lhes as práticas religiosas do tipo babilônico,
que muito lhes
convinham no processo pretendido de dominação
materialista, uma vez
que nelas
prevaleciam características de mentalidade e da consciência
moral pagãs, como o
particularismo e o egoísmo.
Assim, imagens de Baal surgiram na Palestina e muitos iam
oferecer-lhes
sacrifícios, provavelmente sob coação, em prejuízo do seu conceito de Deus
único.
Assinalam registros que alguns sacerdotes, talvez premidos pela opressão, chegaram
a
transigir com os conquistadores. "... Surgem, então, homens
de coragem e energia admiráveis,
profundamente convictos, que, enfrentando
todos os perigos, põem-se a pregar a volta às
práticas e à mentalidade
da antiga religião hebraica. Os principais desses destemidos
pregadores
foram Elias, Jeremias, Isaías e Ezequiel. Em palavras exaltadas, eles exortam
os
hebreus a resistirem às imposições dos tiranos, a não aceitarem
os cultos estranhos, e
desmascaram os sacerdotes complacentes que,
para agradar aos poderosos, não trepidam em
desvirtuar a verdadeira
crença. O profeta Isaías, por exemplo, mostra ao povo o quanto os
sacrifícios,
as oferendas, as manifestações exteriores são inúteis, aos olhos de Deus:
"Levantai-vos,
limpai vossas almas, deixai de proceder erroneamente; aprendei a praticar o
bem; procurai a retidão, protegei os oprimidos, dai amparo aos órfãos e defendei
as viúvas." E
de outro profeta são as palavras: "O que
o Senhor exige de ti? Apenas que sejas justo, que
ames a misericórdia
e que caminhes humildemente ao lado do teu Deus". Acredita-se que tais
palavras deveriam soar estranhas aos ouvidos dos príncipes mesopotâmicos que,
provavelmente, não as compreendiam e lhes emprestavam sentido subversivo. Naquela
época,
em que as religiões eram, geralmente, instrumentos de domínio,
em que as classes sacerdotais
delas tiravam o máximo de prestígio
e de vantagens, surgia como algo de profundamente
revolucionário
a crença num Deus todo poderoso, eminentemente justo e bom, que aos
holocaustos
e às dádivas dispendiosas preferia o comportamento reto, a proteção aos fracos
e
desamparados, a capacidade de perdão e a humildade. Os profetas,
assim como os seus
adeptos, foram perseguidos, não raro com requintes
de crueldade. Mas seus ensinamentos não
se perderam e mais tarde,
graças à pregação de Jesus Cristo e dos apóstolos, a mentalidade
hebréia
de bondade, justiça, fraternidade e amor ao próximo, iria ser aceita na maior
parte do
mundo civilizado, como a mais desejável e legítima. O grande
mérito do povo hebreu
consiste, pois, em haver mantido e legado ao
mundo essa noção de religião e esse critério
moral que leva os homens
a considerar meritória não a grandeza de alguns, à custa do
sacrifício
dos outros, mas a capacidade de cada qual concorrer para a felicidade dos seus
semelhantes" 5.
O fato é que esses elementos de fé, apesar de intensamente combatidos,
sobreviveram
aos opressores, irradiando-se a seguir por grande parte da humanidade, também
5 LOBO,
Haddock, in "História Geral (História Antiga)", Melhoramentos, S.
Paulo, 9a.Edição,
1956, fonte de
referência da maioria dos fatos da história antiga
constantes deste texto e das citações assinaladas.
ervindo de inspiração ao cristianismo
e ao islamismo. O cristianismo, brotado no seio do
judaísmo, absorve-lhe
imediatamente esses preciosos conceitos de incitação ao bem comum e,
apesar
de todas as perseguições que lhe movem alguns de seus contemporâneos,
especialmente
os próprios romanos, espalha-os pelo imenso território imperial, levando-lhe
a
mensagem do Deus único, dos antigos profetas judeus e do Cristo,
também ele hebreu. Com a
conversão do Imperador Constantino ao credo
católico, no século IV da nossa era, torna-se
essa religião a herdeira
virtual do poderoso império. A partir
do Mediterrâneo e à sombra do
mundo romano global, o
catolicismo se dissemina rapidamente pelas terras conhecidas e se
torna
prevalente. Paulatinamente, o exercício do poder temporal flui da divindade
terrena dos
imperadores,
militares pagãos, e da imensa capacidade bélica das legiões e passa à influência
e domínio de um conceito abstrato comum, sancionando a transmissão do poder
pela força da
fé
e da autoridade de um
Deus único, pai de todos os homens, que se torna, assim, a raiz e a
fonte
do poder terrenamente desfrutado por eles. A Igreja Católica Romana transforma-se
em
mentora da formação dos estados-nações europeus e fiadora da transmissão
do poder celestial
aos seus reis, garantindo-lhes a sagração pelas
mãos dos bispos, que lhes ungem as cabeças
com a coroa, símbolo de
exercício do poder mundano concedido pela divindade. Essa
poderosa
conjugação de forças terrenas e espirituais se espraia e atinge seu ápice no
fim da
Idade Média, em pleno século XV. Simbolizando essa nova simbiose,
os Reis de Portugal e
Espanha dividem o planeta, entre si, em duas
porções como se fora uma laranja, com a bênção
e a sanção espiritual
do Papa Alexandre VI, na qualidade de Vigário de Cristo na Terra,
assenhoreando-se
das terras e dos povos nelas contidos, vez que o documento papal tornava a
ambos,
terras e
povos,
legitimamente possuíveis
e escravizáveis.
6
Tão formidável ousadia
provoca,
paulatinamente, reação e aglutinação entre outras forças religiosas e mercadores
emergentes, de forma dispersa ou altamente organizada, que buscaram, desde então,
com os
meios intelectuais e materiais desenvolvidos e reunidos ao
longo do tempo, solapar, esvaziar,
reduzir ou anular esse magnífico
poder espiritual. O predomínio da fé, da organização humana
sob fundamentos
éticos, morais e culturais absorvidos das revelações teológicas
judaico cristãs,
conhecida em seu conjunto como civilização
ocidental,
foi exercido durante os mil
anos do medievo sob a implacável
e autoritária égide do catolicismo.
Essa época de fervor
espiritual, de intensa movimentação cultural
inspirada em temas religiosos, da consolidação
dos estados-nacionais
(impedindo ou retardando o estabelecimento da confederação
supranacional dos mercadores),
a construção de grandiosas igrejas e catedrais, repletas de
maravilhosas
obras de arte, do nascimento das mais antigas e consagradas universidades
européias,
de fantásticas descobertas geográficas, e, portanto, de novas esperanças e confiança
no futuro, tornou-se, simultaneamente, uma realidade e um fardo. Radiosa realidade
para
cristãos, um pesado fardo para os de outros credos, para mercadores
e banqueiros agnósticos
que viveram todo um milênio socialmente marginalizados.
A ostensiva incompatibilidade
entre a visão terrena desses negociantes
e a espiritual, prevalente, representara um duríssimo
golpe nos seus
interesses imediatos, comerciais e financeiros. Apóstolos
do materialismo
pagão,
sobreviveram sob intensa repressão por operarem contrariando regras políticas,
econômicas, sociais vigentes e, também, a cânones e princípios de inspiração
religiosa como a
solidariedade, a caridade, a esperança, a vida simples,
despojada, profissões de fé então
dogmáticas, inspiradas, como visto,
pela tradição da fé hebraica. Talvez, por isso, medieval
tenha passado
a ser, para alguns, sinônimo de anacrônico, soturno, funesto, lúgubre.
Diz-se,
da história, que quem lhe escreve os textos são os vencedores.
Nos dias de hoje,
predominantemente dominados pela visão corporativa
do business,
muitos compêndios se
referem a esse rico, porém violento e controvertido
período da história humana, como idade
das trevas. Como é fato
conhecido, no período subseqüente ao medievo não só os adeptos das
fogueiras mantiveram o lume aceso e operante como foram restaurados determinados
valores
inerentes ao paganismo grego, a exemplo do conceito de democracia,
governo da maioria, e
do direito positivo.7
A evolução desse novo quadro
foi muito rápida. Há apenas pouco mais de
500 anos, tempo das grandes
navegações e das descobertas do Novo Mundo sob Portugal e
Espanha,
reinos cristãos, com as descobertas de Colombo (1492) fica comprovada a
existência
de um mundo novo no Oceano Atlântico, ao invés dos monstros e abismos como se
fazia crer ao povo da época, e dá-se início à epopéia das descobertas marítimas,
revelando a
esfericidade e a unidade do planeta. "Na Idade Média,
o anseio por descobrir um lugar além
dos oceanos ou montanhas, onde
haveria paz e alegria e o céu na terra, fez da descoberta de
um novo
mundo um sonho e uma cruzada. O desejo de encontrar um paraíso terrestre era
uma
inspiração por trás das indagações de exploradores e das teorias
de filósofos e poetas. Idéias
quiméricas se amalgamaram na doutrina
do monge Joaquim de Flora, em 1200, membro da
Ordem de Cister 8,
versando sobre uma Era do Espírito Santo. Tal doutrina, tornada herética
em
1215 pelo Concílio de Latrão, afirmava, numa espécie de sincretismo religioso
"avant
garde", que a religião instituída por Moisés, segundo
o Velho Testamento, deveria ser seguida
conforme três fases históricas:
A primeira, que cultuaria Jeová como o pai espiritual dos
Judeus,
encerrara-se com a chegada de Jesus Cristo, o Messias. A segunda fase, ali iniciada,
deveria durar por tempo indeterminado, até o início do último desses três períodos,
correspondendo a uma "Nova Era" que substituiria o Cristianismo e
onde o homem teria a
mais absoluta liberdade de pensamento, relacionando-se
direta e exclusivamente 9
com o
Espírito
Santo, que exerceria seu domínio sobre todas as coisas. A tradição espiritual
judaica e
o poder temporal da igreja começavam a ser atacados no
seu próprio seio... Proibidas em
Portugal, as idéias de Joaquim de
Flora, que haviam chegado até o rei D. Diniz pelos monges
de Cister
instalados na Abadia de Alcobaça, viajam aos Açores pelas caravelas e daí, mais
tarde, ao Brasil, onde são celebradas em alguns estados até os dias de hoje,
dando origem,
inclusive, ao nome do Estado do Espírito Santo. As
idéias dessa "Nova Era" se expandiram,
provavelmente, com
a ida de D. Isabel de Aragão para Portugal, em 1282, ao se casar com D.
Diniz,
tornando-se conhecida como Isabel, a Rainha Santa, e por ela introduzidas no
Reino de
Castela. As divergências entre esses monarcas e a Igreja,
intolerante quanto às práticas
religiosas e espirituais menos ortodoxas
ou fora do catolicismo, combatidas a ferro e fogo
pelo Santo Ofício
(Inquisição), deram origem à criação de uma festa popular sacrílega que
passava
a todos a idéia da "Terceira Era", sob a proteção do Divino Espírito
Santo. O ápice
dessa "festa do Divino" era a coroação simbólica
de um novo imperador, republicanamente
representado por um menino
pobre do povo, quando os presos, libertados das cadeias,
personificavam
a convivência pacífica
e perfeita que vigeria no futuro, unindo a todos numa
sociedade global,
sem violência e sem armas... 10
Em tais festas, os alimentos
eram
distribuídos fartamente entre a população, representando a abundância
que viria nessa Nova
Era e sua repartição igualitária entre o povo.
Há quem veja em tão curiosas idéias a primeira
tentativa de se sistematizar,
sob a égide de um pacifismo utópico, a fusão do igualitarismo
fraternal
religioso com o materialismo terreno, lançando aos ventos as primeiras sementes
de
um socialismo
pós-medieval planetário,
jamais concretizado... Assim, a soi-disante
civilização
ocidental, de raízes judaico-cristãs, logrou, com o auxílio do fervor espiritual
e das
paixões da fé, consolidar o segundo grande movimento planetário
da aventura humana, aqui
7 DIREITO
POSITIVO: Diz-se do direito estabelecido pela lei comum, votada por maiorias
simples
estabelecidas nos parlamentos e, portanto, influenciáveis por
interesses ou fatores outros que não espelhem,
necessariamente, os valores morais, éticos ou religiosos
prevalentes na sociedade. N.A.
8 Cister:
ordem religiosa fundada por Bernard de Clairvaux, mais tarde canonizado e
conhecido como São
Bernardo. N.A.
9 Isso
deveria ocorrer, portanto, sem qualquer interferência clerical...N.A.
10 Seria
já perceptível, aos nossos olhos, algo de familiar nessa utopia medieval
???... N. A.
apontado como a globalização
espiritual, embora já sob
o largo suporte financeiro do embrião
de um poder econômico que, menos de três séculos à frente,
lhe arrebataria a hegemonia e
suplantaria, largamente, pelo poder da pecúnia e do mais
exacerbado materialismo, a poética
inspiração da fé, do sonho e da aventura. Essas idéias de um
paraíso terreno, de riquezas sem
fim, paz, convívio fraternal, sem perseguições, teria
fascinado e seduzido a união dos
mercadores, logo interessada em plantar raízes no Novo
Mundo, onde poderia
prosperar
supostamente livre de preconceitos e perseguições
político-religiosas ou da vontade de
militares nacionalistas. Dessa forma, levando-se a cultura
européia ao Mundo
Novo e deste,
rumo à Europa, o ouro e a prata que vão lastrear a expansão
das moedas portuguesa e
espanhola, começa a emergir o processo de globalização dos
negócios, que faz fenecer a fé e
transbordar as algibeiras de comerciantes, banqueiros e
financistas cuja visão, desde sempre,
seria tão somente o lucro, o luxo, a riqueza
A GLOBALIZAÇÂO
MATERIALISTA
A SUPREMACIA DO MERCADO, DA CIÊNCIA E DO PRAZER.
Só vale quem tem!!!
Antigo ditado brasileiro.
"Eu vou pra Pasárgada, lá sou amigo do rei.
Lá terei a mulher que eu quero, na cama que escolherei."
Manuel Bandeira.
Como visto, em seu período de crescente prosperidade, os povos
antigos
começaram a experimentar e apreciar extraordinariamente o luxo
e os prazeres materiais,
especialmente na Mesopotâmia, onde assírios se beneficiavam do
domínio dos metais, que
lhes assegurou durante séculos a supremacia militar, e caldeus
(ou babilônios) enriqueciam
produzindo e exportando artes finas, tapetes, tecidos de alto
valor. Progresso e degradação
começaram, então a dar-se as mãos. Comerciantes, como os
fenícios, corrompiam
financeiramente os sacerdotes. Estes, em contrapartida, lhes
apoiavam os objetivos e os
negócios. Escoltados por tropas de mercenários muito bem
remunerados, sem vinculações
patrióticas, viam garantidas a proteção patrimonial e a
cobertura às transações que
rapidamente se expandiam e lhes transbordavam os imprecisos
limites geográficos,
internacionalizando povos, crenças, costumes, tradições.
Apesar de não gozarem da
consideração que hoje desfrutam os bem sucedidos businessmen,
pois eram sempre colocados
na porção inferior da escala social, muito abaixo dos nobres
(militares) e dos sacerdotes,
começaram a se organizar em bloco, buscando mais liberdade,
ascensão, novas formas de
organização que lhes assegurassem prestígio social e
predomínio político. Os meios utilizados
foram muitos, de grande sabedoria e competência. As
associações de negociantes, operando
como verdadeira coalizão
internacional, passaram a
abrigar integrantes de todas as etnias,
credos e procedências.
Nada podia
separá-los, nacionalidade, raça, cor, religião ou a falta
dela, em sua incrível persistência na busca febril do lucro e
da riqueza. Onde quer que
houvesse seres humanos com necessidades a serem satisfeitas,
vitais ou de baixa extração,
desejos de toda ordem a serem atendidos, vaidades a serem
saciadas, as associações de
mercadores os alcançariam com presteza, bastando que os
clientes dispusessem de ouro, prata
ou crédito bastante para adquiri-los. Com isso, teceram uma
verdadeira rede de associações,
ostensivas ou secretas, que lhes permitiam operar às claras ou
na clandestinidade. Com as
novas e severas realidades espirituais que se foram espraiando e
impondo, paulatinamente,
permeadas pelas revelações do Velho e do Novo Testamentos e do
Alcorão, livros sagrados
das três grandes religiões monoteístas, a trajetória desses
mercadores tornou-se cada vez
menos tranqüila, pacífica. Os credos do Deus único vieram a
se revelar ainda mais severos na
apreciação e julgamento das atividades que visavam ao lucro
mercantil e à cobrança de juros,
exigindo-lhes criatividade cada vez maior, melhor organização,
proteção física e patrimonial
contra ações legais de autoridades e muitas, muitíssimas
lealdades arrebanhadas a qualquer
preço. As religiões, que sempre influenciaram ou guiaram
passos da humanidade, cedo
compreenderam a força irresistível que representaria o
surgimento de uma oligarquia calcada
na acumulação de riquezas, acima e além de sua influência
espiritual e política. Assim,
procuraram não só combatê-la como possibilidade real mas, ao
percebê-la emergente, reduzirlhe
a importância, marginalizando-a socialmente quando não lhe
seguisse inteiramente a
orientação. Os mercadores, desde cedo, também compreenderam o
peso do adversário
espiritual e procuraram fugir-lhe ao alcance, muito embora nunca
se negassem a abrir a bolsa
para atender-lhes às comezinhas necessidades terrenas. Tudo, é
claro, em busca de uma
prosperidade lucrativa que levasse a humanidade ao progresso,
estimulada pelo desejo
incontido de possuir e, pela posse, fruir, gozar, distinguir-se,
destacar-se do próximo. Com o
tempo, o que se resumia a pequena contenda de influências, aqui
e ali, transformou-se em
renhida disputa de poder. Hoje, finalmente, o mundo percebe que
o eixo das decisões migrou
para o domínio de poderosas forças econômicas e políticas
planetárias, anonimamente
organizadas, consolidadas pelas operações, em larga escala,
dos grandes grupos econômicofinanceiros
transnacionais, apátridas, agnósticos. Seu poderoso arsenal
concentra desde o
controle dos bancos e operações financeiras à porção mais
substancial da mídia, dos centros
de pesquisa de opinião pública, da produção científica e
tecnológica, da indústria e do
comércio de bens e serviços, das operações de commodities
e derivativos, da
fabricação e
distribuição de fármacos, dos serviços
malditos 11 e,
pouco a pouco, da manipulação absoluta
dos fluxos de produção, comercialização e estocagem de
alimentos. Mas, como se operou
tamanha transformação num mundo aparentemente tão sólido? De
que forma engenhosa foi
deflagrada tão tremenda inflexão nos destinos da humanidade ?
Como e quando, exatamente,
começou a desmoronar a chamada civilização
ocidental cristã, que por
quase todo o século
XX ainda mantinha, em duas sangrentas guerras mundiais e outras
localizadas, as aparências
de estar combatendo a revolução materialista mundial que
pretendera imolar, pela via
comunista, o Deus único de cristãos, muçulmanos e judeus???
Como foi possível, para o
cartel dos negócios,
solapar tamanha organização do gênio e da fé humanas, construída em
2000 anos de engenho, arte e sangue? De que forma a milenar
cultura judaico-cristã teve seus
alicerces corroídos, levando-a, quase na virada do novo
milênio, subitamente, à rendição
incondicional, pelas próprias mãos do capitalismo
liberal e democrático,
seu antigo aliado,
sem o ruído de um único disparo ou o verter de uma só gota de
sangue???... De competentes
ações que se desenvolveram em dois campos distintos: o
filosófico e o operacional.
A Ação
Filosófica: O
campo filosófico foi explorado de forma extremamente adequada e eficaz.
Intelectuais da mais alta extirpe foram reunidos, incentivados e
apoiados para contestar, no
estrito campo das idéias, as convicções até então vigentes
de um referencial divino como
fonte exclusiva do poder e das decisões humanas. O embate
desceu do transcendental para o
campo fértil do plano das idéias, da exacerbação da mente
humana, da sua supremacia sobre
dogmas de fé, da ampla liberdade que permitiria aos homens
escaparem aos rígidos preceitos
religiosos, às influências e patrulhamentos
clericais, entregando-se,
apenas, às suficiências da
razão e às delícias do plano material. Fruir, gozar, possuir,
viriam a ser os novos caminhos
hedonistas para a libertação e a glória da espécie humana.
É claro que, nesse novo contexto,
um pouco de lucro seria visto com naturalidade. A quem tivesse
dificuldades momentâneas
11 Proxenetismo,
prostituição, tráfico de drogas, crianças, mulheres, órgãos humanos,
tráfico ilegal de influência,
pornografia, corrupção, lavagem de dinheiro, etc. N.A.
para obter dinheiro, crédito não seria problema. Dever-se-ia
sempre pagar uma modesta taxa
de juros, é claro, pois, como é sabido, o dinheiro não pode,
nem deve, trabalhar de graça,
como faziam os escravos capturados pelas tropas de mercenários.
A proposta dos mercadores
e banqueiros era tentadora. Enquanto as religiões demandavam
rígidos e austeros padrões de
comportamento em vida, garantindo o paraíso apenas após a
morte, os mercadores ofereciam
quaisquer prazeres ou bens de consumo, desfrutáveis aqui e
agora, sem os inconvenientes das
dúvidas ou as expectativas de um futuro incerto. É claro que
se a Bíblia exigia aos fiéis, em
nome de Deus, os dez por cento de praxe para a pavimentação
dos caminhos que levam ao
paraíso, é natural que os negociantes cobrassem taxas um pouco
mais salgadas, já que sua
mercadoria, além de entregue no ato, seria amortizável em
suaves prestações mensais.
Sutilmente, os antigos fiéis foram convertidos à sedutora
idéia de ter o prazer primeiro e pagar
depois. Gostaram muito. Afinal, como afirmam os marqueteiros,
fabricante de esperanças e da
felicidade instantânea, em
janeiro o dinheiro pinta...
Os negociantes mostraram conhecer
muito bem seus clientes e os negócios prosperaram. A
concorrência com o criador, entretanto,
ainda era intensa, desigual. De olho no dízimo que, se
reorientado ao consumo, alavancaria
ainda mais os negócios, os mercadores resolveram investir na libertação
dos fiéis. Bem
sucedidos nessa pregação, ao final do século XIX, com o
precioso auxílio das penas de Marx
e Engels, talentos generosamente estimulados por largos
financiamentos de Wall Street,
decidiram, como qualquer bando de mafiosos, que já era hora de
eliminar a concorrência:
Deus estava morto! A má notícia é que nem todos gostaram da
novidade. Nesse meio tempo,
entretanto, quebrara-se o vínculo de muitos com o respeito à
divindade, campo de influência
do chamado direito
natural, 12
em quantidade bastante para
que se pudessem concluir,
democraticamente,
reformas políticas que mudariam os rumos da humanidade. A opção pelo
direito positivo, criando a figura do estado laico, foi
determinante para o fim das monarquias e
dos princípios de sucessão pelo direito
divino, inspirando as
revoluções americana, francesa e
russa, sancionadoras, pela via truculenta, da máxima liberal de
que, no mundo
contemporâneo, o homem só será obrigado ou impedido de fazer
aquilo que lhe for
expressamente determinado por lei. Tornavam-se letras mortas,
finalmente, os referenciais da
cultura e da ética judaico-cristã. Jorge Boaventura vai à
sintonia fina do conceito e apura, com
absoluto rigor histórico e documental, o exato momento em que a
dita civilização "é
erradicada de seus alicerces culturais" e começa a ruir...
"Referimo-nos, diz ele, ao artigo
sexto da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
promulgada em 1791, na França.
E o que continha o referido artigo? Que a lei é a expressão da
vontade geral, expressa
diretamente ou por intermédio de representantes. A declaração
a que nos referimos
compunha-se de 17 artigos e estava repassada de aspectos
humanísticos, como, entre outros, o
de que todos os homens nasciam iguais em direitos e deveres e
ninguém seria obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa, a não ser em virtude de
lei." 13 O
princípio, de aparência
irretocável, revelou entretanto, na prática, que de nada
adiantaria o primado da lei positiva
sem o referencial da moral e da ética judaico-cristã. Livres
para fazer o que lhes aprouvesse,
desde que em simples maioria, voltaram imediatamente os homens a
assumir as características
do egoísmo e do individualismo pagãos, exacerbados em nossos
dias, em que a suposta
igualdade e fraternidade dão lugar à mais odiosa das
discriminações: a distinção entre os que
tudo têm e os que nada valem... O verdadeiro culto reverencial,
desde então, a esse "teórico
direito da igualdade de berço" entre todos os homens,
suscita magistral boutade
de George
Orwell, a de que, não obstante, alguns homens são "mais
iguais do que os outros..."
14
Aberta
12 Diz-se
do conjunto de valores morais e éticos esposados pela sociedade em função de
influência do
conhecimento revelado, teológico, isto é, dos princípios
religiosos por ela aceitos e adotados como norma
geral de conduta, mesmo que não encontrem correspondência em
texto da lei comum. N.A.
13 Em
"A dolorosa Colheita", na "Folha de S.Paulo" de 24 de
OUTUBRO DE 2001.
14 Em
"A Revolução dos Bichos".
WWW.ARMINDOABREU.ECN.BR
a dissidência, o materialismo, paradoxalmente, quase se
transforma num dogma de fé e numa
verdade científica absoluta. A doutrina comunista emerge de
forma avassaladora como
proposta de solução
final para uma nova ordem
sócio-político-econômica e divide,
definitivamente, o mundo entre as visões espiritual e material.
Segundo a ótica marxista, a
"religião é o ópio do povo". Na réplica exemplar
de Roberto Pompeu de Toledo, "comprar é o
ópio do mundo materialista de hoje". Não por acaso, o
catolicismo se fraciona e enfraquece
com a defecção do protestantismo e se estilhaça com o
surgimento de novas e múltiplas
denominações cristãs. O judaísmo, igualmente, começa a
trazer à luz profundas mágoas entre
seus adeptos leigos, liberais e o ramo religioso, ortodoxo. As
antigas divisões entre sefaraditas
15 e
asquenazes 16,
entre sionistas 17 e
internacionalistas, se agravam e sofisticam. Os sionistas,
desejosos da restauração bíblica da "Grande
Jerusalém", resistem, pela força da fé, das
tradições seculares e até mesmo das armas, aos interesses dos
internacionalistas, pragmáticos
do business
que, assentando sólidas
raízes e consolidando bons negócios por todo o planeta,
parecem haver adquirido mais entusiasmo nas associações com
gentios 18,
em prósperas joint
ventures globalizadas,
do que com um eventual regresso à Israel do sonho milenar, ou com a
integral reconstituição da "Terra Prometida" e a
reconstrução do terceiro Templo de
Jerusalém. A falência de soluções políticas ou a oposição
radicalizada a elas leva ao desespero
ou ao extremismo, e à resposta óbvia dos que, não possuindo
forças suficientes, não podendo
usá-las para contrapor-se definitivamente aos adversários, ou,
ainda, não desejando solução
alguma resolvem exorbitar: o terrorismo e as chamadas
"operações especiais". Dines
mergulha nessas sutilezas e nos relata que "...Amanhã
completam-se seis anos do assassinato
do primeiro-ministro Itzchak Rabin, o homem que fez o acordo de
paz com Yasser Arafat em
Oslo, setembro de 1993. O assassino, Ygal Amir, judeu ultra
religioso, atirou pelas costas e
usou as mortíferas balas dundum
que estraçalham os
tecidos e não dão qualquer chance à
vítima. Rabin saía de um gigantesco comício em Tel-Aviv
organizado pelos partidos de
esquerda e os militantes do movimento Paz Agora, em apoio à sua
iniciativa de limitar os
assentamentos israelenses em território ocupado e, assim,
viabilizar o Estado Palestino. O
jovem assassino vinha sendo doutrinado pela liderança dos
partidos fundamentalistas judeus
que, associados aos políticos de direita (inclusive o atual
primeiro ministro Ariel Sharon),
empenhavam-se em criar um clima de histeria para deter a
dinâmica da paz. Convocadas
eleições, o candidato natural para o lugar de Rabin era seu
companheiro Shimon Peres, hoje
chanceler... E por que acabou vencido pelo adversário Bibi
Netanyahu? Uma sucessão de
sangrentos atentados terroristas árabes em território de
Israel reverteu completamente o
quadro eleitoral. Peres perdeu uma eleição que os
especialistas consideravam ganha. A
aliança dos dois terrorismos e dos dois fundamentalismos
enterrou os acordos de paz e anulou
o prêmio Nobel concedido aos signatários. Arafat ficou
sozinho... O Estado Judeu na
Palestina, denominado Israel, é proclamado no mesmo dia em que
os soldados ingleses
deixam a Terra Santa, mesmo dia em que os exércitos regulares
de cinco países árabes
15 SEFARADITA:
Do hebraico tardio sephAradhC, natural de Sepharadh, provável região da Ásia
Menor que
posteriormente os emigrantes asiáticos identificaram com a
Península Ibérica. Diz-se de, ou judeu
descendente dos primeiros israelitas de Portugal e da Espanha,
expulsos, respectivamente, em 1496 e 1492;
sefaradita, sefardita. Apud Dicionário Aurélio-Séc. XXI.
16 ASQUENAZE:
Do hebraico ashquenazi, do toponímico bíblico Ashkenaz, posteriormente
atribuído à
Alemanha medieval. Judeu de fala iídiche, oriundo especialmente
dos países da Europa central e oriental.
Apud Dicionário Aurélio-Séc. XXI.
17 SIONISMO:
Movimento político e religioso judaico iniciado no séc. XIX, que visava ao
restabelecimento, na
Palestina, de um Estado judaico, e que se tornou vitorioso em
maio de 1948, quando foi proclamado o Estado
de Israel. Apud Dicionário Aurélio Séc. XXI.
18 GENTIO:
Para os hebreus, o estrangeiro. Para os cristãos, aquele que professava o
paganismo. Apud
Dicionário Aurélio-Séc. XXI.
invadem a Palestina (três monarquias-Egito, Transjordânia e
Iraque-e duas repúblicas-Líbano
e Síria). Querem anular a decisão da ONU. Não conseguem
esmagar o recém nascido estado
judeu da Palestina. Um mediador sueco, indicado pela ONU, Folke
Bernadotte, é assassinado
logo depois por terroristas judeus de extrema-direita. Herdeiro
destes, Igal Amir, assassino de
Itzchak Rabin, está preso, condenado à prisão perpétua...
Há dias, na audiência onde se
julgava o recurso de Amir para acabar com o regime de
confinamento, no bom estilo terrorista
e fundamentalista de seus inimigos islâmicos, o assassino
aproveitou a ocasião para abrir uma
faixa em favor da expulsão dos árabes... Os terroristas
árabes que impediram a vitória de
Peres não estão interessados em fortalecer Arafat. Ao terror
não interessa a paz. O
terror é
irrestrito, multinacional e transreligioso.
19 Estourou
junto a bolha das religiões: militantes e
indignadas, tolas e descartáveis, exibiram tamanha capacidade
de fabricar mentiras, alienação
e ódios que Deus acabou sozinho no enorme picadeiro das
crenças sem dor. Na fogueira dos
fanatismos queimaram-se milênios de preces sinceras e
sussurradas revelações. O grande
vilão desta Idade Média modernizada é o Estado Teocrático,
aberrante criação de homens
mesquinhos, desprovidos de espiritualidade e, no entanto,
assumindo-se como parceiros de
Deus. O problema do Oriente Médio só se resolverá com o fim
das teocracias. Todas as
teocracias. A criação de um Estado Palestino só trará paz se
o novo Estado conseguir ser
secular e democrático e se Israel voltar a sê-lo enterrando
definitivamente a ilusão do Terceiro
Templo. 20
Essa ótica, provavelmente
agradável aos homens de negócios da confederação
materialista,
certamente deixaria inquietos alguns dos religiosos ou sionistas mais ortodoxos.
Contrapondo-se a essa visão liberal, pragmática, um exemplo
chocante das divergências nos é
revelado, contundentemente, pelo conceituado historiador
americano, judeu, Howard Sachar.
Ele expõe graves contaminações e ressentimentos ao
transcrever, em seu "History of the Jews
in América", o depoimento e a opinião de J.J. Gross,
presidente de uma famosa agência de
propaganda: "... Nós estamos vivendo num tempo em que a
qualificação exclusiva para se
exercer a liderança judaica é a posse da riqueza. Ninguém se
transforma no "Rei dos Judeus"
porque seja um rabino maravilhoso ou... (porque)... inspire seu
povo a comparecer a um curso
de estudos sobre o judaísmo. O indiscutível "Rei dos
Judeus", no presente, é Edgar Bronfman
(Presidente do Congresso Mundial Judaico), um homem de
educação judaica limitada... cujos
pensamentos e ensaios são comprados. Meshulam Riklis
(israelense expatriado, proprietário
da bilionária Rapid-American Corporation) pode expor sua esposa
gentia (a atriz Pia Zadora)
nua nas páginas da revista Penthouse e ainda ser considerado um
líder e um membro
honorável da comunidade judaica. 21
Edgard Bronfman, o dito Rei
dos Judeus, um importante
megaempresário, dono da Seagram´s,
de empresas na área do
petróleo, química, petroquímica
e comunicações, líder da Liga
de Anti-Difamação da B´nai B´rith,
apesar de aparentemente
ignorado pela nossa grande imprensa não esconde seu particular
interesse pelos assuntos
brasileiros. Por isso, fez questão de receber tanto Collor de
Mello quanto Cardoso, nos
mesmos dias em que, presidentes eleitos do Brasil, viajaram aos
Estados Unidos e foram
recepcionados na Casa Branca pelos seus correspondentes
americanos. Empresário e líder dos
mais influentes, porém discretíssimo, de pouca visibilidade,
por ocasião desses encontros
presidenciais foi noticiado, superficialmente, apenas como um
"empresário americano" ou,
até mesmo, como um "desconhecido empresário". Sua
visibilidade aumentou, recentemente,
ao determinar a bancos suíços que indenizassem herdeiros e
descendentes de correntistas
cujas contas tinham sido congeladas ao tempo do regime nazista.
Mas, como nem só de pão
vive o homem, também nas recônditas esferas de sua alma, da
consciência, as conseqüências
19 DINES,
Alberto, em "Fotos, datas, nuances", no Jornal do Brasil de 03 de
Novembro de 2001, pág. 08. O
destaque é nosso. N.A.
20 DINES,
Alberto, em "O fim das bolhas", no Jornal do Brasil de 06 de Outubro
de 2002, pág. 08.
21 SACHAR,
Howard M., in "A HISTORY of the JEWS in AMERICA, Vintage Books, Random
House, New
York, Nov. 1993, pag.868. A tradução é deste autor. N.A.
dessa abrupta inflexão na trajetória de nossa sociedade
também se fizeram notar. O conforto
gratuito do confessionário católico, com o refrigério dos
sofrimentos e das culpas pelas
transgressões aos mandamentos da lei de Deus, ante a
absolvição dos pecados, foram
modernamente substituídos pelos alívios custosos do processo
psicanalítico freudiano, pela
assunção de um estilo de vida contemporâneo, ditado pela
moda, pelas fórmulas
farmacêuticas de drogarias e laboratórios ou, fugazmente, nos
subterrâneos do vício e das
drogas pesadas, que calam mentes inquietas, silenciam vocações
inquiridoras. O progresso
científico e tecnológico impulsiona e sustenta o vertiginoso
surto do domínio humano sobre a
terra, conferindo conforto material e físico aos que podem
adquiri-lo. Liberdade total e
irrestrita é o novo slogan,
o Santo Gral ansiosamente
buscado pela humanidade. A Nova
Era
de Joaquim de Flora, modernismo
do ano de 1200, se
materializa, em nossos dias, na New
Age
da contracultura, desde o dístico de paz
e amor ao sexo,
drogas e rock & roll de
Woodstock e
adjacências; dos Beatles, como John Lennon, autor celebrado de Imagine,
o hino secreto da
globalização; da bruxaria e do seu culto social incentivado:
as festas de Halloween e dos
novos heróis infantis, como o personagem Harry Potter; da
literatura mística, campeoníssima
em vendagem, aos duendes, cristais mágicos e pirâmides; do
ocultismo e do curandeirismo
em geral. A
Ação Operacional: Paralelamente
à intensa ação filosófica, o eixo de poder
liberal/materialista emergente se organiza de forma harmônica e
aguda, a partir do final da
segunda grande guerra. Um grupo de fulgurantes inteligências,
comungando das mesmas
idéias liberalizantes, reúne-se na estação de
Mont-Pélérin, na Suíça, sob a liderança de
Friedrich Hayeck. Compreendia, entre outros, Milton Friedman,
Karl Popper, Ludwig Von
Mises, Walter Lipman. Hayeck escrevera, em 1944, "O Caminho
da Servidão", uma agressiva
e apaixonada obra contra o estado intervencionista e do
bem-estar (welfare
state), então
surgente na Europa e nos Estados Unidos. Seu alvo principal eram
todas e quaisquer
limitações impostas ao mercado por parte do Estado-Nacional,
o que ele considerava como
mortal ameaça às liberdades política e econômica. Afirmara
Hayeck, às vésperas das eleições
inglesas de 1945, vencidas pelo Partido Trabalhista que,
"Apesar de suas boas intenções, a
social-democracia moderada inglesa conduziria o país ao mesmo
desastre que o nazismo
alemão: uma servidão moderna. Polarizados por essas idéias,
na reunião de Mont-Pélérin
estiveram reunidos os mais ferrenhos oposicionistas à ação
estatal, tanto do welfare
state
europeu quanto do new
deal americano. O objetivo
principal desse grupo era combater
o
conceito de solidariedade judaico-cristã e
o keynesianismo,
mentores do intervencionismo
econômico.
Com isso, estariam
preparando o mundo para um novo tipo de capitalismo
radical, inflexível, livre de quaisquer regras ou limitações,
sob a argumentação de que o novo
igualitarismo da época, promovido pelos princípios do
solidarismo espiritual, destruía a
liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, energia
motriz da prosperidade
universal. Segundo eles, a desigualdade
entre os homens e as
sociedades era um valor
extremamente positivo.
Essas idéias foram defendidas, no plano teórico, e operacionalizadas
nos bastidores dos fechados círculos políticos e econômicos,
por mais de vinte anos
consecutivos. A introdução de seus discretos e eficientes
defensores nos partidos que os
levariam, mais adiante, ao poder, foi feita sem alarde. Muitos
desses políticos, inclusive, se
expunham em vitrines de outros matizes doutrinários, dando
completa guinada em suas idéias
e mostrando sua face ultraliberal somente quando o caminho,
pavimentado em silêncio, já
emergia consolidado. Isso veio a ocorrer mais às claras com a
grande crise do modelo
econômico do pós-guerra, em 1973, quando o mundo capitalista
entrou em longa e profunda
recessão, conhecendo o fenômeno das baixas taxas de
crescimento com altas taxas de inflação
(estagflação).
As raízes dessa crise, segundo Hayeck e seu grupo de Mont Pélérin, estavam no
poder excessivo e nefasto dos sindicatos e do sucesso alcançado
pelo movimento operário,
corroendo as bases da acumulação capitalista com suas
malfadadas pressões salariais sobre o
empresariado e a pressão
parasitária para que os
Estados aumentassem os gastos sociais.
Esses processos, segundo eles, teriam destruído os
níveis
ideais de lucros das empresas e
desencadeado os processos inflacionários que
desaguaram na crise das economias de
mercado. O remédio para essa disfunção era simples: um Estado
forte apenas para quebrar a
espinha dorsal dos sindicatos e controlar o dinheiro, porém
parcimonioso nos gastos sociais e
afastado das intervenções econômicas. A estabilidade da
economia deveria ser a meta
suprema de todo e qualquer governo, o que poderia ser alcançado
com disciplina
orçamentária, restrição drástica de gastos sociais e desemprego
em massa para criar um
exército de reserva que
dobrasse a força dos sindicatos. Essas decisões alimentam, até os
nossos dias, dolorosos processos de reforma
do estado que reduzem
benefícios a
trabalhadores civis e militares, sindicalizados ou não, a
aposentados e pensionistas,
alcançando, inclusive, os fundos de pensão e a legislação
trabalhista, tudo em nome de mais
empregos, mais educação, mais saúde, e de um suposto equilíbrio
orçamentário que jamais
sacrificaria os pagamentos de juros a emprestadores, tudo um
mero eufemismo para
restauração dos níveis de lucros e redução do estado.
Outras medidas complementares seriam
as reduções
de impostos sobre os
rendimentos mais altos e sobre as rendas e ganhos de capital
financeiro. Assim, seria recriada uma nova
e saudável desigualdade que
reataria o ciclo da
economia estagnada. Estavam lançadas as sementes de uma nova
receita econômicofinanceira
globalizada. Este programa ultraliberal foi aplicado na
Inglaterra de Margareth
Tatcher em 1979; nos Estados Unidos, em 1980, por Ronald Reagan
(o reaganomics);
por
Kohl, na Alemanha, em 1982, derrotando o programa social-liberal
de Helmuth Schimidt. Em
1983, a Dinamarca, exemplo perfeito do welfare
state passa a ser
governada por uma coalizão
de direita. Seguem-se quase todos os países do Norte da Europa,
à exceção de Áustria e
Suécia. A luta contra o comunismo, a servidão humana mais
completa para Hayeck, fortalece
o poder de atração do neoliberalismo que emerge triunfante nos
anos 80. Já ao sul do
continente europeu, de formação cristã, chegavam ao poder,
pela primeira vez na história,
governos de esquerda, denominados euro-socialistas: Mitterrand
(França); Filipe Gonzalez
(Espanha); Mário Soares (Portugal); Bettino Craxi (Itália) e
George Papandreou (Grécia).
Esses governos tentaram criar, ao sul da Europa, um regime
equivalente à social-democracia
do pós-guerra, no norte, mas fracassaram, dando a guinada
definitiva à direita nos meados da
década de 80. No outro lado do planeta, Austrália e Nova
Zelândia, o modelo foi aplicado de
forma radical, sendo este último o exemplo extremo do
capitalismo selvagem, tendo todo o
seu sistema de bem-estar completamente destruído. Naquela parte
do mundo, somente o Japão
resistia aos encantos da nova
receita. Não obstante, a
primeiríssima experiência neoliberal
completa e sistemática foi realizada no Chile de Augusto
Pinochet, 10 anos antes de
Margareth Tatcher. Sua concepção teórica, entretanto, não
foi a mesma do austríaco Hayeck e
sim a da escola norte-americana de Chicago, por Milton Friedman,
também um dos
proeminentes patriarcas de Mont-Pélérin. Apesar do relativo
sucesso do modelo chileno, esses
luminares compreenderam que ele só funcionaria na ambiência de
um regime político
autoritário, como o de Pinochet, incompatível com a cruzada
democrática, em vias de
ser
deflagrada, e do pretendido esvaziamento do poderio militar em
todo o planeta. 22 No
Brasil,
coincidentemente, ações assemelhadas foram ou estão sendo
levadas a cabo pelas
administrações Collor, Franco e Cardoso, estando o último em
vias de cumprir promessa de
discurso de posse, a de acabar
com a era Vargas, ou,
talvez melhor traduzindo, com as CLT:
Consolidação das Leis Trabalhistas; dando fim ao monopólio
estatal do petróleo e, numa
finalíssima etapa, privatizando a Petrobrás. Nos bastidores do
pré-nascimento da vaga liberal,
a ação de eficácia foi empreendida, localmente, pelas
organizações transnacionais,
verdadeiros braços-armados
dos novos centros de
poder. No plano macroscópico,
organizações multilaterais, de existência física ou apenas
nominal, como as que se seguem,
.
22 ANDERSON,
Perry. in "Pós-Neoliberalismo: As Políticas Sociais e o Estado
Democrático" pág. 9 a 17.
Organização de Emir Sader. Paz e Terra.
exerceram os esforços de obter a compreensão
dos governos aos quais se
apontou o
receituário neoliberal: o Royal Institute of International
Affairs (RIIA), o Council on Foreign
Relations (CFR) e sua rede capilar mundial, o Grupo de
Bilderberger, a organização Trilateral
(EEUU; Europa e Japão); o Diálogo Interamericano; o Grupo dos
Sete (EEUU, Japão,
Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Canadá, o Consenso de
Washington (conjunto de
decisões tomadas a partir de Nov 89 em Washington, EEUU, após
reuniões entre funcionários
americanos e representantes do FMI, BID e BIRD, contendo as
diretrizes da nova
receita
capitalista, mandatória
para todos os países.
Foram propostas pelos americanos, entre outras,
sanções de caráter comercial aos países em desenvolvimento,
visando obrigá-los às normas
financeiras ali estabelecidas e a impedi-los de desenvolver as
chamadas tecnologias sensíveis:
nuclear, espacial e informática). Num mundo desse quilate, diz
a propaganda, não há mais
espaço para o estado total, pesado e ineficiente, onde
velocidade, agilidade, produtividade e
lucro são uma imperiosa e irredutível necessidade. Falece, por
essas razões, no princípio dos
anos 90, o mais pesado de todos os Estados, o Comunista, quando
a globalização já derrubara
o símbolo maior de suas barreiras, o Muro de Berlim. Encerradas
as exéquias, paira, solitário
e vitorioso, o novo estado
liberal capitalista, não
mais tão democrático como se anunciava.
Pouco a pouco, as tenazes se apertam e começa a emergir o mais
novo dos regimes
totalitários: a mercadocracia
ou o fundamentalismo
de mercado...
O "PARTIDO DO MEDO" E OS FUNDAMENTALISMOS RELIGIOSOS.
"I Love My Country, but I Fear My Government".
(Eu amo o meu país, mas temo o meu governo).
Adesivo de pára-choques, vendido por membros de milícia no
estado de Missouri, Estados Unidos.
"It
is not anger we feel, it is fear, fear of the federal government".
(O que nós sentimos não é raiva, é medo, medo do governo
federal).
Declaração do comandante da "Tropa da Milícia de
Michigan" à televisão americana.
"Primavera de 1995. O partido
do medo reaparece em nova
roupagem.
Trajando uniformes de camuflagem, ornados com escudos e
medalhas, portando fuzis de
assalto e outros armamentos, os membros das milícias que se
haviam organizado por todo o
país, em meses anteriores, insistiam em afirmar que eram os
verdadeiros defensores da
América, os primeiros grupos a reconhecer e a reagir à ameaça
representada pelo governo
federal, ao pôr em perigo sua liberdade. Pequenos comerciantes,
incluindo proprietários de
lojas de armas, modestos fazendeiros, industriários,
desempregados e profissionais de todos
os tipos, inclusive
militares da reserva, veteranos de guerra,
eles se consideravam cidadãos
comuns. Quando perguntados sobre o que temiam do governo, as
respostas, além de
constantes referências ao controle de armas, perdiam
objetividade, variando desde impostos
altos à excessiva regulamentação ambiental que ameaçava seus
"direitos de propriedade".
Menções a violações constitucionais ou restrições aos
direitos individuais, dos estados e
municípios sugerem que, por trás, poderia haver algo
mais complexo, pois as
respostas vagas
parecem desproporcionais às ações já tomadas. De que forma
reclamações tão tênues a
respeito de políticas governamentais contemporâneas poderiam
justificar a criação de
exércitos privados"? A resposta não parece tão difícil
assim: estaria havendo um
descompasso, cada vez mais acentuado, entre as políticas
praticadas pelo governo federal,
com a participação ativa das forças armadas, em busca de
determinados objetivos
supostamente nacionais, e os anseios e expectativas da sociedade
americana ou, melhor
dizendo, de boa parte dela, justificando, até mesmo, que viesse
a pegar em armas para
defender suas idéias. Quais seriam, então, esses pontos de
tão temível discordância? "Como
sempre fizeram extremistas da direita política, através da
história americana, eles se
proclamam patriotas, bravos o bastante para confrontar um inimigo
sinistro, uma conspiração
de poder que
poderia destruir a nação. A grande novidade, desta vez, é que o inimigo não
é
uma religião alienígena, como foi durante tanto tempo o
catolicismo, nem estrangeiros, como
irlandeses e italianos católicos de tão forte presença
migratória no passado, ou uma ideologia
internacionalista, como o temível comunismo, que possam tomar
o governo. Desta
vez o
inimigo é o próprio governo!!! 23
Parece óbvio que, para essas
pessoas, a nação já esteja
comprometida e, portanto, "tomada" por alguma coisa
alheia aos mais puros interesses
nacionais americanos. E quais seriam esses interesses
contrariados? Por que eles não vêm à
tona para que seja feito um debate franco e aberto entre toda a
sociedade? Newton Carlos
antecipava-se à discussão desses fatos ao escrever, em 1995,
que, na América de hoje, ..."o
mais dedicado esforço para o esclarecimento das possibilidades
revolucionárias junto ao
grande público está sendo feito através de verdadeiras
"cruzadas" empreendidas por
organizações religiosas de confissão cristã, como a
"Christian Coallision", que recebem de
importantes setores da mídia o tratamento jocoso de
fundamentalistas cristãos ou de
"Komeinis americanos" 24.
Alguns grupos dessa coalizão, que, em síntese, defende a volta aos
ensinamentos básicos da Bíblia, têm fornecido farta munição
aos opositores, como faz, por
exemplo, a "Coalision for Revival", defendendo o puro
regresso aos costumes do Século
XVII, quando "mandava a Teologia do Reino e as colônias
americanas eram governadas pela
Bíblia". Nem tudo, entretanto, está sendo colocado no
embornal do descrédito. ..."Jornais do
porte do New York Times e Washington Post tratam seriamente de
livros como "A Nova
Ordem Mundial", escrito pelo reverendo Pat Robertson, filho
de senador, estrela da Christian
Coalision, um dos componentes nobres da direita religiosa, onde
estão evangelistas,
pentecostais, batistas e muitos outros. Robertson tem ficha
respeitável. Andou na corrida
presidencial de 1988, concluindo que, primeiro, era preciso
mobilizar tropas e depois pensar
na tomada do poder. É o que tem feito, desde então, a partir
da TV a cabo Family Channel, na
qual acusações freqüentes a Clinton, envolvendo sexo, se
misturam, sabiamente, com
entretenimento de boa audiência. O livro de Robertson garante
que as Revoluções Francesa e
Russa e o Banco Central dos Estados Unidos saíram de sinistra
conspiração de maçons,
ocultistas europeus e banqueiros suíços. O tamanho do alcance
dessas pregações pode ser
medido pelos números da "National Religion
Broadcasters". São 1600 rádios, o dobro de 10
anos atrás, e 274 canais de televisão, contra 90 em 1984. Os
ativistas devem somar um
milhão. Mas vinte milhões, de acordo com o New York Times, se
identificam com as
mensagens, contra "ateus que governam o país...Num país
onde votam pouco mais de 50 por
cento do eleitorado, essa tropa de choque, em cima das urnas com
chuva ou sol, só tem
avançado ultimamente. Tanto que a direita religiosa assumiu o
controle interno do partido
Republicano em estados importantes como Texas, Minnesota,
Oregon, Iwoa e Washington.
Participou da redação dos programas dos candidatos a
governadores da Califórnia e Flórida e
se mostra com peso em mais partes do sul, agora sob domínio
republicano, como na Virgínia,
Carolina do Sul e Louisiana. Muitos milhares já saíram às
ruas da Califórnia a Nova York, de
uma costa a outra, para protestar contra "desmandos morais,
sociais e políticos" e pedir nova
23 BENNET,
David H. in "THE PARTY OF FEAR"-The American Far Right from Nativism
to the Militia
Movement. Vintage Books, Random House, Inc. The University of
North Carolina Press, second edition,
October, 1995, págs. xi e xii.
24 Estaria
esse tratamento, apenas decorrida meia dúzia de anos, sendo ajustado para
"Osamas" americanos ???
(N.A.).
Constituição, "em nome de Deus..." O ex-presidente
da Câmara dos deputados, o republicano
Newt Gingrich, assumiu o posto prometendo emendar a
constituição, reintroduzindo orações
diárias nas escolas. Não conseguiu. Há 38 anos a Corte
Suprema julgou essa prática
inconstitucional, porque Estado e Igreja são separados. Clinton
e sua mulher Hillary, acusados
de "gay-loving" e "feiticeira-feminista",
entre outras pérolas, são os alvos principais. Também
há o chamado terrorismo anti-aborto... "Se para salvar um
milhão de bebês inocentes a cada
ano for preciso matar cem médicos, tudo bem, diz a"Prolife
Action League", autora do livro
"99 Ways to Stop Abortion" (99 Maneiras de Deter o
Aborto). Os "soldados de Cristo" se
tornam, isoladamente, a mais efetiva organização política dos
Estados Unidos, com o controle
de TVs, rádios, conselhos de colégios e parcelas
significativas do partido Republicano. A
ordem é "refazer a América como a Terra de Deus" 25.
Já um pouco mais remotamente, o
padre Charles E. Coughlin, o famoso "sacerdote do
rádio", que conseguiu arregimentar parte
de sua vasta audiência para a "União Nacional pela
Justiça Social", apontava para os
plutocratas do Ocidente como um "moderno bando de
exploradores", homens que são "os
governantes do mundo, dominando e explorando a vida social desta
nação", principalmente
"advogados de Wall Street... eruditos de Harvard e Yale...
e banqueiros ambiciosos". Mais
tarde, os arquivilões de Coughlin passaram a ser os judeus e os
comunistas e seus discursos,
de 1938 a 1941, estão repletos de frases semelhantes àquelas
empregadas pelos líderes de
grupos anti-estrangeiros e neo-nazistas dos anos noventa. 26
Pelo visto, as recentes
eleições
americanas que confrontaram o democrata Al Gore e o republicano
George W. Bush, expondo
tantas fragilidades no sistema eleitoral daquele país e
inesperadas disputas judiciais entre
ambas as facções políticas, representaram algo muito mais
importante do que uma simples e
burocrática escolha entre as faces de uma mesma moeda, como
jocosamente se dizia. Pelo
menos, é o que se pode inferir, sob a ótica aguerrida dos
deterministas cristãos. Aliás, ante
essa inesperada guerra nos tribunais pelo desfecho das
eleições americanas, que ascendeu ao
arbítrio da mais elevada instância judicial do Estado da
Flórida e, posteriormente, à Suprema
Corte Federal, convém lembrar reflexão de Michael Novak, a de
haver a constituição dos
Estados Unidos sido redigida por simples pecadores. E, tendo
esse importante trabalho sido
feito na presunção de que o ser humano seria, sempre e
irremediavelmente, um pecador,
pressupunha também, na sua essência, que os homens não
mereceriam confiança integral. Por
isso, os seus redatores teriam, em verdade, "amarrado"
o texto de modo a torná-lo
propositadamente ambíguo. Este foi o modo pelo qual "os
pais da pátria" teriam organizado o
governo daquele país, de forma a que este não pudesse
contrariar os interesses do povo e que
nenhum grupo, isoladamente, alcançasse controlar o país em
detrimento dos demais. Foi um
plano ousado e engenhoso que, entretanto, pode ter ficado
comprometido pela existência de
uma Corte Suprema sem peias nem amarras. É o que imaginam já
haver acontecido as
famílias cristãs, maioria nos Estados Unidos, cujos filhos
estão legalmente impedidos, pela
Suprema Corte, de receber instrução religiosa nas escolas
públicas. Thomas Jefferson,
igualmente, lançara sérias dúvidas a esse respeito, ainda nos
primórdios da formação do
estado americano democrático, em carta a um adversário
político: "Em matéria de
interpretação de assuntos constitucionais, você me parece
passar a impressão de que julga ser
a Suprema Corte o árbitro definitivo". Ainda segundo
Jefferson, esse sentimento lhe parecia
constituir-se em "perigosíssima doutrina, que poderia
conduzir os Estados Unidos ao
despotismo de uma oligarquia..." "Infelizmente, é
precisamente isto o que vem acontecendo
nos últimos trinta anos. Nós transferimos o poder do povo para
um corpo não eleito, de
apenas oito homens e uma mulher, cinco dos quais podem,
efetivamente, controlar as regras
da moral e o destino social da nação. E, junto com a Suprema
Corte, nós
colocamos no poder
25 NEWTON
CARLOS, em "Komeinis Americanos", publicado no Jornal do Brasil, R.J.,
em 26 de janeiro de
1995.
26 BENNET
David H., op. cit. pág. Xiv.
outra oligarquia não eleita,
na forma do Federal
Reserve Board. Este não
foi, seguramente, o
sistema que os autores da nossa constituição pretenderam para
este país. O sistema de pesos e
contrapesos que eles vislumbraram incluía um judiciário
poderoso, uma poderosa casa
legislativa e um poder executivo forte, todos equilibrados, em
contrapartida, pelos poderosos
direitos dos cidadãos livres".27
28. Como vimos anteriormente,
o núcleo da coalizão financeira
e comercial, formada por acumulação milenar, muitas vezes
subterrânea, desejou sempre um
local seguro para sediar suas operações, livre de
patrulhamentos religiosos ou militares. Após
inúmeras tentativas infrutíferas, esse sindicato, camuflado
sob a razão social de
"Companhia
das Índias Ocidentais", grande multinacional com bandeira
holandesa, pretendeu implantar-se
no Novo Mundo, escolhendo inicialmente a cidade do Recife.
Fracassou por motivos
religiosos, já que os patrocinadores da empreitada, muito
tementes ao poderio dos católicos,
valeram-se de mercenários de Holanda, calvinistas na maioria,
alguns judeus, país onde se
assentaram para escapar ao jugo da igreja católica. Repetindo
os erros crassos do catolicismo
na Idade Média, a guarnição comandada por Maurício de
Nassau, por imposição da sede,
tentou impor o credo protestante, à força, aos católicos
pernambucanos, até então indiferentes
ao invasor, profanando-lhes as igrejas e agredindo sacerdotes.
Essa tremenda afronta à fé
despertou a nacionalidade brasileira, culminando na expulsão
dos "hereges" a pau, pedras e
bacamartes. Fugido, o braço armado da multinacional
reabasteceu-se na Holanda e se dirigiu
novamente ao Novo Mundo, estabelecendo-se mais ao norte, num
local batizado de New
Amsterdam, onde hoje é a ilha de Manhattan, Nova York,
adquirida aos nativos por
quinquilharias. A partir de então, os mercadores atentaram para
não cometer os mesmos erros
do Recife, cuidando, zelosamente, para que a colonização do
grande país do norte fosse feita à
distância considerável do catolicismo, por puritanos
protestantes... Isso se reflete, ainda hoje,
na exacerbada concepção dos nativistas revolucionários
americanos, segundo a qual "...a
organização interna da igreja católica é descrita como
patentemente anti-americana". Segundo
dizem, "numa terra de liberdade absoluta, onde sempre
imaginaram viver, que lugar poderia
haver para um confessionário, onde os pensamentos mais secretos
dos corações humanos, das
cortes, dos gabinetes e das famílias podem ser devassados por
padres? Que papel democrático
poderia ser desempenhado por uma hierarquia de monges, freiras,
bispos, que são, a despeito
de tudo, espiões, vigias do déspota que habita o Vaticano (o
Papa, N.A.), ele próprio uma
vítima do despótico "Colégio de Cardeais"? O
caráter nacional distinto dos Estados Unidos
faz o credo escravagista do catolicismo desnecessário aqui: A
mente americana, ... diferente
da européia ou da sul-americana, destemida, inquisitiva,
impaciente com as imposições,
rejeita a religião que lida melhor com mentes de intelectos
inferiores. Talvez os italianos,
europeus lascivos, povos ignorantes e bárbaros, de outras
terras mais pobres, possam abraçar
tal fé". Mas os nativistas nunca se cansam de lembrar aos
seus que "...esta é uma nação anglosaxã,
e que os anglo-saxões nunca endossaram os dogmas da
igreja" 29.
Esses cuidados
intensos com a formação religiosa foram frutíferos e as
colônias, mais tarde inglesas, sempre
protestantes, continuaram merecendo a atenção e o generoso
financiamento dos comerciantes.
Aos poucos, as provas desse apoio vão sendo reveladas, às
vezes de forma surpreendente,
como nos revela Joel Samberg. Conta-nos ele que..."um
imigrante, judeu polonês de nome
Haym Salomon, chegou a Nova Amsterdam em 1772. Um de seus
primeiros empregos foi
27 ROBERTSON,
Pat in THE NEW WORLD ORDER, Dallas, Word Pub.1991, pag.59.
28 NOTA
DO AUTOR: Durante a administração Clinton, do partido democrata, a
composição da Suprema Corte
foi modificada, devido a aposentadorias, ganhando a presença de
dois novos membros, um dos quais uma
mulher, a saber: STEVEN BREYER e RUTH BADER. Com isso, aquela
corte máxima passou a ser composta
por sete homens e duas mulheres. Além dos já citados, os
demais membros WILLIAM REHNQUIST (atual
presidente), ANTONY KENNEDY, DAVID SOUTER, SANDRA DAY O´CONNOR,
JOHN PAUL
STEVENS, ANTONIN SCALIA e CLARENCE THOMAS foram todos indicados
para o cargo por
presidentes republicanos.
29 BENNET,
David op. cit. pág.86.
alimentar os prisioneiros de guerra americanos. Rapidamente ele
aprendeu, na própria carne, o
que era a tirania inglesa pois foi logo preso, como espião,
durante a ocupação britânica da
cidade. Então, ele rumou para a Filadélfia, onde fundou uma
firma de corretagem e conseguiu
levantar a imensa fortuna de aproximadamente duzentos mil
dólares 30 para
o esforço
revolucionário. Salomon não foi o único judeu a financiar o
esforço de guerra da
independência, mas, certamente, o que mais vigorosamente o
promoveu, tornando-o um
empreendimento lucrativo e promocional, através da venda de
apólices de guerra. Ele pode,
inclusive, ter sido o primeiro financista-empreendedor da
América, consultor e publicitário,
tudo ao mesmo tempo. E, embora não tenha passado à história
como um dos "Pais da Pátria"
foi, em parte, devido aos esforços daquele judeu americano
pioneiro e aos de muitos outros,
desde então, que nós agora vivemos na maior e mais livre
nação do planeta ..." Samberg
sugere, ainda, que se observe de perto uma nota de um dólar
americano, onde será possível
ver, logo acima da cabeça da águia careca, treze estrelas que,
no seu conjunto, formam uma
Estrela de David.
Segundo a tradição, elas significariam as treze colônias americanas
originais mas, de acordo com respeitados historiadores, essa
estrela maior representa um gesto
de gratidão a Haym Solomon pelo patrocínio do esforço
revolucionário. 31 Muito
embora o
autor citado se refira apenas à imagem da águia, cabe lembrar
que ela aparece nas notas de um
dólar como parte do próprio Selo Nacional dos Estados Unidos,
o que aumenta,
significativamente, o peso da suposta homenagem. Acrescente-se a
esse episódio o
interessante fato, narrado por Howard Sachar, 32
de que "o imaginário da
antiga Israel esteve
muito presente durante o Congresso Continental, em 1777, uma vez
que Benjamin Franklin,
ao discutir os símbolos que deveriam constar do Grande Selo
Nacional Confederado, sugeriu
a figura heróica de Moisés erguendo seu cajado para dividir o
Mar Vermelho..." "Uma outra
razão para a rápida integração dos judeus na cena americana
foi a natureza judaica do espírito
Puritano na Nova Inglaterra (New
England). Os Puritanos
viam-se como herdeiros espirituais
do Antigo Testamento, considerando o Novo Testamento, apenas,
como a história de Cristo.
Era no Velho Testamento que eles buscavam a Deus, razão pela
qual, na Inglaterra, os
puritanos eram vistos como "companheiros de viagem dos
judeus". Eles comparavam sua
viagem para a América com a fuga dos judeus do Egito e viam a
Colônia da Baía de
Massachussetts como uma "Nova Jerusalém". Quando a
Universidade de Harvard foi
fundada, o Hebraico era ensinado junto com o Latim e o Grego. 33
Na verdade, houve até
mesmo uma proposta para que o Hebraico fosse adotado como
língua oficial das Treze
Colônias e o líder espiritual puritano John Cotton quis impor
o código Mosaico como base
para formular as leis de Massachussetts. 34
Junto com o espírito puritano
vieram muitos
preceitos do Código Mosaico que foram incorporados à
constituição americana" Os
Fundamentalismos Islâmico, Católico e Judeu:
Com a submissão formal dos militares à lei,
fica claro que a fé tem representado o mais sério entrave às
pretensões ocidentais de integrar
ao resto do mundo todas as regiões onde vivem populações
religiosas, especialmente as
muçulmanas. A importância desses povos muçulmanos na
antiguidade, em sua grande maioria
semitas, cuja antiga vocação foi o comércio, decaiu com as
disposições do Alcorão,
disseminadas pelo profeta Maomé, e os seus rígidos preceitos
contra atividades remuneradas e
30 Dinheiro
da época, que talvez tenha alcançado a impressionante cifra de trezentos mil
dólares, como defendem
outros historiadores N.A.
31 SAMBERG,
Joel in "The Jewish Book Of Lists". A Citadel Press Book, published by
Carol Publishing Group,
Secaucus, New Jersey, 1998, págs. 04, 08 e 09.
32 SACHAR,
Howard M. op. Cit. Pág.35.
33 DIMONT,
Max I. in "Jews, God and History, Penguim Group, New York, April, 1964,
pág.368.
34 COTTON,
John, influente líder puritano, pároco e professor da "Primeira Igreja de
Boston" (1633-52),
Colônia da Baía de Massachussetts. Cotton, como teólogo e
professor, foi a pessoa mais influente na
organização do poder na Colônia, definindo o padrão de
atuação da Igreja e ajudando a definir os rumos do
convívio entre a fé e a política. N. A.
a cobrança de juros, esta definitivamente proibida. Conquanto
no catolicismo existissem as
mesmas restrições, neste as proibições foram teologicamente
contornadas com a solução do
Purgatório, onde seriam expiados pecados veniais ou as grandes
transgressões cometidas
pelos penitentes arrependidos, cuja conversão ou absolvição
tenha sido concedida antes de sua
morte. Isso permitiu que católicos prosperassem, mesmo que
moderadamente, e se
integrassem à confederação
internacional dos mercadores.
O mesmo ocorreu com o próprio
estado Vaticano, megaproprietário de bens móveis e imóveis,
em todo o mundo, e de
lucrativas participações em prósperos empreendimentos
comerciais, financeiros e bancários.
Essas ações materiais, de cunho meramente terreno, são
conduzidas por uma organização
altamente especializada, o IOR-Istituto
di Opere Religiose (Instituto
de Obras Religiosas),
também conhecido nas altas esferas do business
pela denominação,
politicamente imprópria,
portanto não recomendável, de Banco
do Vaticano... 35
Muita gente pode haver
estranhado
quando o prudente Papa João Paulo II, um dos maiores líderes
espirituais e gênio político do
século XX, proclamou ao mundo o direito do governo americano em
retaliar o terrorismo. Em
coro, o também sereno e cauteloso Dom Eugênio Salles,
ex-Arcebispo do Rio de Janeiro
(ainda cardeal atuante, com escritório na Igreja de Nossa
Senhora da Paz, no praiano bairro de
Ipanema, Rio de Janeiro), gozando de grande prestígio junto ao
Papa e aos fiéis de sua antiga
paróquia e de todo o Brasil, batizou a agressão terrorista de
11 de setembro como um atentado
a toda a humanidade,
exatamente como queria e vem defendendo a Casa Branca, o que só fez
aumentar a perplexidade geral. Outro movimento pouco
compreendido de Sua Eminência foi
uma rápida viagem à Nova York, onde, em missa rezada na
Catedral de Saint Patrick,
procurou levar
conforto às famílias de brasileiros atingidos pela catástrofe.
Muita cera pra
pouco defunto, pois até hoje não se sabe, ao certo, quantos
perdemos. Graças a Deus, parece
que muito poucos. O fato é que a Igreja romana, multinacional
com 2000 anos de estrada,
cuida, admiravelmente bem, do seu rebanho. Sabendo que nos
Estados Unidos os católicos,
em flagrante minoria, foram sempre hostilizados pelos cristãos
protestantes, desde os
primórdios da formação do estado, quando, nas escolas
primárias, as crianças americanas
eram apresentadas ao catolicismo como "aquela
prostituta romana" 36
e outras blasfêmias,
nada como engrossar fileiras por uma boa causa, alinhando-se,
desde a primeira hora, às
vítimas e não aos agressores... Além dos católicos
americanos, a igreja mostra visível
preocupação, também, com os irlandeses, vítimas de crescente
hostilidade de protestantes da
Irlanda do Norte, monarquistas e unionistas. A possibilidade de
que se confirme um acordo
duradouro de paz, com a deposição de armas pelo IRA (Irish
Republican Army), braço
guerreiro do catolicismo irlandês, que, curiosamente, deseja a
república para se livrar da
obrigatoriedade da religião oficial do império britânico
(anglicanismo), é planta tenra e frágil
que deve ser preservada. Por isso, também torna justificável
uma certa corte, agrados
discretos a Tony Blair. Mas, segundo Boff, "o catolicismo
também possui seu tipo de
fundamentalismo. Ele vem sob o nome de Restauração e
Integrismo. Procura-se restaurar a
antiga ordem, fundada no casamento do poder político com o
poder clerical... O inimigo a
combater é a modernidade, com suas liberdades e seu processo de
secularização... Não há
nenhuma religião mais guerreira que a tradição dos filhos
de Abraão: judeus,
cristãos e
muçulmanos. Cada qual vive da tradição tribalista de ser o
povo escolhido e portador
exclusivo da revelação do Deus único e verdadeiro. O
fundamentalismo, como atitude e
tendência, se encontra em setores de todas as religiões e
caminhos espirituais. Hoje em dia, o
fundamentalismo judeu se centra na construção do Estado de
Israel segundo o tamanho que
lhe atribui a Bíblia hebraica. O fundamentalismo islâmico quer
fazer do Alcorão a única
forma de vida, de moral, de política e de organização do
Estado entre os islâmicos e em todo
35 THOMAS,
Gordon e MORGAN-WITTS, Max, em "Nos bastidores do Vaticano", Record,
1983.
YALLOP, David em "Em Nome de Deus", Record, 1984.
36 BENNET,
David, op. cit. pág. 20.
o mundo. Todos os que se opõem a essa visão de mundo são
obstáculos à instauração "da
cidade de Deus" e conseqüentemente são infiéis e merecem
ser perseguidos e eventualmente
eliminados..." 37
Alguma diferença entre esses
e o novíssimo "fundamentalismo
de
mercado"?...
A liberdade e a excelência da organização administrativa e financeira cristã
não
prosperaram, de forma semelhante, no Islã. Ao contrário, sua
extrema rigidez fez com que o
processo de acumulação capitalista entre muçulmanos fosse
tremendamente reduzido,
concentrando altos índices de pobreza, visto que a iniciativa
privada raramente se dispõe a
injetar recursos, em qualquer economia, para investimento a
fundo perdido. Em algumas
situações, entretanto, a mesma criatividade exercitada por
católicos foi encontrada pelos
muçulmanos, viabilizando operações comerciais que envolvam
facilidades creditícias, através
do aumento de preços nos serviços ou mercadorias com
pagamentos diferidos, correspondente
ao que seria devido em juros. Reza o axioma clássico que em
estado pobre, povo paupérrimo.
Todavia, enquanto a região se mantinha quase na penúria, muito
cresceu a sua importância
geoestratégica pela abundância de petróleo, o mais importante
insumo para a expansão da
economia ocidental. O mercado cuidou para que essas fontes
fossem preservadas. Ações
políticas e militares sempre predominaram na busca desse
objetivo. Os primeiros esforços
foram dirigidos para a cooptação de "dirigentes
amigos" que garantissem o fluxo regular do
óleo a preços convenientemente baixos. Para reduzir os custos
de produção e fornecimento, os
investimentos sociais nunca constaram dos orçamentos das
concessionárias ocidentais,
conhecidas como as Sete
Irmãs. Deveriam ficar a
cargo dos sheiks do petróleo. Com uma
estrutura tribal, a sorte popular esteve sempre ligada à
generosidade pessoal do monarca
reinante. Pode ter sido um grande erro ocidental. Sem outra
alternativa a que se apegar, a
religião ganhou terreno entre os muçulmanos, radicalizando-se.
Nesses casos, exemplificados
por Catar, Kuwait, Emirados Árabes, Paquistão, Arábia
Saudita, Egito, Irã e Iraque, em que o
governo é ou foi sempre exercido imperialmente por
"famílias cordiais" ou, alternativamente,
por governos militares do tipo que "sempre respeitaram os
compromissos internacionais
efetivamente assumidos por seu povo", nunca houve uma
sincera preocupação com a
chamada democracia participativa. Jamais se ouviu qualquer
referência ou recomendação, na
imprensa ocidental, à expressão "eleições livres"
nesses países, uma vez que seus regimes,
apesar de autocráticos em relação ao público interno,
respondem docemente aos mínimos
desejos das potências ocidentais, sempre colocados sobre as
mesas de negociação à sombra de
ameaças de calibre atômico... Essa política do dá
ou desce, decorada em
purpurinas e
lantejoulas, é, por assim dizer, uma espécie de "versão
oriental do novo monopsônio" 38,
ou
do totalitarismo
de mercado. Mesmo agora,
quando o Afeganistão acaba de ser literalmente
pulverizado, não se fala em "eleições gerais". Por
que? Fica mais fácil entender quando se
percebe que o maior partido político da região é o
fundamentalismo religioso. Por isso, seja
no Afeganistão ou nos Estados Unidos, quaisquer indivíduos que
desejem restaurar princípios
sociais, políticos ou econômicos com base em fundamentos
teológicos são imediatamente
rotulados de fanáticos, dementes... Disputar eleições só
quando o resultado for garantido, reza
a prudente bíblia do mercado. Para desmontar esse "partido
fundamentalista" a estratégia foi
introduzir na região, aos poucos, os costumes ocidentais, como
ocorreu no Irã da dinastia
Reza Pahlevi. O xá, acusado pelo povo de entregar-se ao
ocidente, começou a sofrer sérios
problemas de erosão política pela oposição ferrenha que lhe
fizeram os líderes religiosos. O
desgaste tornou-o insustentável no posto. Com a queda de
Pahlevi, vista como um grande
retrocesso aos olhos ocidentais, ocorre a ascensão do aiatolá
Khomeini, líder xiita antes
37 BOFF,
Leonardo em "Sobre crenças e intolerância", Jornal do Brasil, 20 de
outubro de 2001, pág. 40.
38 MONOPSôNIO:
Situação de mercado em que há um só comprador para determinada mercadoria ou
serviço.Na hipótese particular aventada, o comprador único
seria o "Mercado", tratado aí como entidade
global, autônoma e unificada. Com interesses aglutinados e
consolidados, poderia, portanto, impor
unilateralmente condições totais de compra, inclusive
políticas e militares. N.A.
exilado em Paris pelo regime pró-ocidental de Pahlevi. O Iraque
de Sadam Hussein, ditadura
militar aparentemente fora do alcance dos aiatolás, foi
envolvido numa guerra de desgaste
com o Irã, criativa solução arquitetada por Washington para
tentar defenestrar o novo poder
religioso, ali solidamente instalado. Estabilidade, através de
regimes laicos absolutamente
leais, passou a ser a palavra de ordem na região. Nada deveria,
nem poderia, quebrar a
disciplina e por em risco as fontes de suprimento. Do outro
lado, além da revolta contra a
ocidentalização, simbolizada pela presença do grande
satã em solo sagrado,
outro importante
foco de insatisfação e resistências foi a presença comunista
no Afeganistão e sua influência
sobre a enorme população muçulmana no território da antiga
URSS. Como se sabe, o ateísmo
marxista foi responsável pela derrocada de várias teocracias
em todo o mundo, substituindo-as
por regimes agnósticos, onde foi facilitada a introdução da
contracultura, dos conceitos da
New Age e
de outras práticas ligadas ao paganismo. Para combater essa dupla influência,
que
julgavam altamente negativa, deletéria, muçulmanos resolveram
formar um exército de
religiosos combatentes, os mujahedim,
e empreender uma luta sagrada (jihad)
contra os
invasores. A primeira jihad
foi desfechada contra
Anwar Sadat, do Egito, conhecido como o
faraó (infiel), financiado por Washington e acusado de haver
promovido a paz com Israel,
inimigo mortal, por pressão do governo Carter. Sadat foi
assassinado pelos religiosos, em
frente às tropas que lhe asseguravam o poder, num complô
aparentemente organizado por
Omar Ahmad. A partir dali os Estados Unidos, acusados de
tornarem o Egito um estado laico,
autoritário em relação aos religiosos, tornam-se um inimigo e
um alvo declarado. O governo
militar que se seguiu ao de Sadat, comandado por Hosni Mubarak,
continuou a pressionar os
religiosos. Uma ajuda militar anual dos Estados Unidos, de dois
bilhões de dólares (1,3 bilhão
para reequipamento militar e 700 milhões de dólares para
combater a pobreza), define o tipo
do incentivo ao regime, assim como a natureza de sua
destinação. Segundo a doutrina
Brzezinski, mentor intelectual do trilateralismo, chegara a hora
da Rússia ter o seu Vietnã, isto
é, de sofrer uma guerra de desgaste que lhe consumisse recursos
materiais, humanos e lhe
acelerasse a derrocada. Nos bastidores, os Estados Unidos
passaram a conceder ajuda
logística, financeira e militar aos mujahedin.
Em 1986, a CIA chega ao Afeganistão para lutar
ao lado deles, trazendo os poderosos mísseis Stinger
que obrigaram soviéticos
a um recuo
estratégico. Segundo Brzezinski (eminência parda do Council On
Foreign Relations – CFR,
dos Bilderberger e da Comissão Trilateral, guru de Jimmy Carter
na presidência dos Estados
Unidos, de quem fora chefe no CFR), autor intelectual da
estratégia, isso representou o "início
do fim" do regime comunista. Ainda segundo Brzezinsky, a
retirada soviética foi o sinal verde
para os movimentos de libertação da Hungria, Romênia,
Polônia e Alemanha Oriental que se
seguiram, com o apoio de Washington, Londres e Paris. Após a
vitória afegã, os EEUU
cometeram o gravíssimo erro de se retirarem do país, sem
prestar qualquer assistência ou
cuidar do futuro dos mujahedin.
Representando dois terços da força viva afegã, esses antigos
aliados dos americanos, treinados, armados e remunerados por
eles, viraram simples
refugiados, combatentes sem pátria. Alguns conseguiram refúgio
nos Estados Unidos, outros
se abrigaram na Xexênia e na Palestina ou se converteram em
soldados mercenários e
terroristas. Os antigos núcleos de treinamento militar montados
pelos americanos viraram
centros de formação terrorista. Além dos americanos, um rico
árabe saudita, nascido em Jedá,
também decidiu apadrinhar e patrocinar a jihad
afegã, sacrificando sua
fortuna e sua vida pela
causa e pelo credo muçulmanos. Apesar da imagem comprometedora
que nos lega, virou uma
lenda viva entre seus iguais, uma espécie de Che Guevara do
mundo árabe. Nascia na guerra
do Islã, contra o inimigo ateu, o mito de Osama Bin Laden.
Osama e seus mujahedin
encararam a invasão americana no golfo, em 1991, como uma
guerra profana. A estratégia
ocidental ficava cada vez mais clara a seus olhos. Quando
combateu contra o regime dos
aiatolás no Irã, Saddam Hussein era considerado um governante
muçulmano aliado e recebeu
apoio americano. Ao invadir o Kuwait, tinha a intenção de
recuperar terras que,
historicamente, pertenceram ao Iraque e dele foram desmembradas
pela geopolítica britânica,
com todo seu imenso lençol petrolífero, constituindo-se num
emirado amigo, governado por
família de total submissão e confiança. Depois dessa
invasão, Saddam começou a ser tratado
pela imprensa ligada ao business
como um ditador
sanguinário. Seu ato foi considerado uma
afronta ao mundo ocidental e exigiu uma coligação de países
trilateralistas para expulsar o
ditador. A coalisão jamais permitiria que um único estado, o
Iraque, acumulasse tanto óleo em
seus limites territoriais. Numa região de sensível
instabilidade política e religiosa, reza a
mínima prudência, não
se deitam todos os ovos num mesmo cesto. Para
os que não
compreendem as razões pelas quais o ditador sanguinário está
no posto, até hoje, apesar do
imenso poderio militar disponível para arrasá-lo e ao próprio
Iraque, convém lembrar o perigo
de vir o país a cair, após sua destituição, em mãos de
líderes religiosos... Seria, na tragédia de
erros da política ocidental na região, mais um rotundo
fracasso. A Casa Al Saud, que governa
a Arábia Saudita com o beneplácito do establishment,
também temendo uma invasão de
Sadam, pediu ajuda ao mundo ocidental. Foi atendido prontamente
e a Arábia Saudita
recebeu, de braços abertos, todas as forças anti-islâmicas
enviadas para defender seu território
e um imenso lençol petrolífero. O Japão, maior dependente do
óleo assegurado pela operação
militar no golfo, desta vez arcou sozinho com uma salgada conta
de alguns bilhões de dólares.
Os mercadores, desde a mais remota antiguidade, garantem a
entrega do que vendem, desde
que o preço justo seja pago... E, como ficou bem claro, em
circunstâncias extremas as
despesas de segurança devem ser pagas por
fora... Para os mujahedin,
antigos pensionistas
americanos na luta contra a antiga União Soviética, grande
traição foi a presença profana dos
inimigos do Islã em solo sagrado muçulmano, especialmente em
Meca e Medina, na Arábia
Saudita, cidades onde viveu e pontificou o profeta Maomé. A
presença de Israel, aliado dos
Estados Unidos, em Jerusalém e em outras regiões, também
consideradas sagradas, ajudaram
a agravar tensões. De aliados e provedores transitórios na
luta contra o antigo adversário ateu,
que desejou exterminar Alá, os americanos se tornaram o inimigo
mortal a ser destruído,
tamanha a ofensa cometida contra o Islã e seus seguidores,
nessa perspectiva. Osama
protestou veementemente contra a presença estrangeira em solo
sagrado saudita. Em troca, em
1994, perdeu a cidadania. Virou pária e se tornou um combatente
extremado contra as
forças
do mal,
tentando a criação de uma "Federação
Islâmica",
uma república religiosa, étnica e
política que unisse todos os muçulmanos. Tal sonho foi sua
perdição. Virou alvo vivo. A
antiga base (Al
Qaeda, em árabe) dos mujahedim,
situada no caminho da cidade de Peshawar,
onde foram treinados e abrigados de vinte a trinta mil homens
para combater os soviéticos,
voltou a ser ativada para treinamento dos homens de Bin Laden,
passando a dar nome a sua
organização. A luz vermelha acendeu para o business
mundial, indicando uma
crise
energética iminente, perigo real e imediato à sua
sobrevivência. Clinton, mais maneiro,
apressou-se em dar o devido tom de seriedade ao assunto,
lançando a advertência de que o
status quo seria
defendido a qualquer preço. "Não faremos diferenças entre civis e os que
usam uniformes. Todos serão alvos". Já o caubói
Bush, filho, ultrapassando
o terreno das
ameaças, foi lá e, pretextando o atentado de 11 de Setembro e
os que lhe antecederam,
resolveu de vez a questão despejando toneladas de bombas em
tudo e em todos... Osama
havia se refugiado em Kartum, no Sudão, depois que forças
islâmicas tomaram o poder, e lá
fundou sua organização para lutar contra os Estados Unidos.
Angariou apoios no Egito, na
Somália, na Etiópia, no Afeganistão e em Uganda. Começava a
ação. Ao tentarem
desembarcar na Somália, a pretexto de levarem ajuda
humanitária ao país, americanos tiveram
um helicóptero derrubado pelos somalis treinados por Bin Laden.
Ele insinuou estar havendo,
na verdade, uma invasão do país, que deveria ser combatida à
bala. Dezoito americanos
morreram nessa queda. Embaixadas americanas sofreram atentados
no Quênia e na Tanzânia.
Nos Estados Unidos, explode uma bomba no World Trade Center, com
seis mortes. Segundo
a CIA, que criou uma força-tarefa para investigar o atentado,
túneis e pontes estariam na mira
dos terroristas e onze aviões, em todo o mundo, também seriam
alvos de suas ações. Um
piloto muçulmano, preso nas Filipinas, teria declarado sua
intenção de seqüestrar um avião
americano e fazê-lo explodir contra a sede da CIA em Langlei,
na Virgínia. Esse fato seria a
prova, dita irrefutável pelo governo americano e trancada a
sete chaves, de que a organização
de Bin Laden viria a ser responsável, mais adiante, pelo ataque
de 11 de Setembro. O que o
governo americano nunca revelou, nem admitiu, é que sabia
da existência de mais de
5000
mujahedim treinados
e enviados para mais de cinqüenta países, inclusive
os Estados Unidos,
onde se radicaram, especialmente, na Califórnia,
em New Jersey,
em Oklahoma,
Michigan e
Montana.
Nesses locais,
precisamente alguns onde
vivem e atuam alguns dos mais ativos
grupamentos das "milícias cristãs", do "partido
do medo" e outros fundamentalistas,
os
novos vizinhos mujahedim,
antigos aliados de
Washington na luta contra os soviéticos, agora
desprezados, largados à própria sorte, foram instalados e, ao
que parece, recebidos de braços
abertos. Como sabemos, naqueles locais era mais intensa a
reação ao que esses grupos
denominavam de "perda da identidade nacional" pela
suposta intromissão do que chamam de
"forças estranhas à vontade do povo". Na verdade,
foi precisamente nessas cidades que a
chamada "reação" havia começado a se organizar sob
a forma de milícias armadas, as quais
passaram a se opor ao governo central, negando-lhe legitimidade
pela submissa rendição aos
barões do mercado, e ao FBI, seu braço armado interno. Como
inimigo externo, visualizavam
a ONU, organismo internacionalista, capaz, na sua visão
patrioticamente extremada e radical,
de se sobrepor à soberania orgulhosa, assumida desde a guerra
da independência. Algumas
importantes escaramuças foram feitas, quase sempre omitidas, ou
apenas levadas ao
conhecimento público quando absolutamente inevitável,
apresentadas como mera "sublevação
de fanáticos religiosos" ou a ação de um único louco
terrorista como, por exemplo, Tim
McVeigh, o demolidor de Oklahoma, militar da reserva, herói
condecorado da guerra do
golfo.39
Há teorias, pouco divulgadas
ou assinadas, é óbvio, sussurradas de ouvido a ouvido,
de que a presença dos mujahedim
junto às milícias teria
sido resultante de uma brilhante
estratégia de inteligência: a de que os antigos aliados
muçulmanos operando, domesticamente,
por "serviços secretos prestados", ficassem de
olho em seus coleguinhas
americanos, visando
neutralizá-los, se e quando necessário. Tudo no mais absoluto
silêncio e discrição... Ao que
parece, infelizmente, o tiro teria saído pela culatra...
Começava aí, no seu backyard,
isto é, no
próprio quintal, com uma insensata e inacreditável vizinhança
entre terroristas muçulmanos,
alguns fiéis discípulos de Bin Laden, e guerrilheiros nativos,
inimigos figadais de Washington
e da ONU, o maior de todos os pesadelos jamais vividos pelos
norte-americanos!!! O
atentado de Oklahoma e os singulares e misteriosos casos do
"saci-pererê" americano e da
"genitália irlandesa sem dono":
Na manhã em que uma bomba
foi detonada na cidade de
Oklahoma, em 1995, a primeira impressão de todos era a de que a
canalização de gás havia
explodido. O suposto acidente ocorria exatamente dois anos
decorridos de um outro episódio
extremamente desagradável. Naquele mesmo dia de 1973, o FBI,
munido de equipamento
pesado, incluindo tanques, havia causado a chamada tragédia de
Waco, no Texas, onde um
grupo dito religioso, incluindo mulheres e crianças, em suposta
sedição, encontrou a morte
num pavoroso incêndio provocado por armamento de grosso
calibre. Investigações
subseqüentes causaram embaraços para o governo central uma vez
que revelaram não só o
fato de haverem os federais atacado primeiro, como o tal grupo
parecia ter motivações
políticas preponderando sobre quaisquer outras. O terrível
revide não se faria esperar.
Naquela mesma manhã, agentes do FBI já se deslocavam pelas
redondezas à procura de uma
picape Chevy marrom e de dois
homens aparentando serem
naturais do oriente médio, tipos
árabes,
vistos correndo em frente ao edifício Alfred Murray, sede do FBI, minutos antes
da
explosão. Antes do meio-dia, David McCurdy, ex-deputado por
Oklahoma e ex-chefe do
39 Dados
colhidos em série especial produzida pela CBS, reproduzida no Brasil pelo GNT,
e em edições do
programa "Sixty Minutes".N.A.
Comitê de Inteligência do Congresso Americano, anunciou que a
bomba era trabalho de
terroristas do oriente médio.
Fazia todo o sentido. As semelhanças com os artefatos colocados
na garage do World Trade Center, inclusive o uso de uma picape
do tipo Ryder truck, não
podiam ser ignoradas e Oklahoma City possuía, como visto antes,
uma grande população de
muçulmanos fundamentalistas. Entre eles, alguns ex-membros da
Guarda Republicana do
Iraque, feitos prisioneiros na guerra do Golfo e que haviam se
recusado a voltar para casa. 40
Outros, mujahedim,
veteranos da luta no Afeganistão, também haviam conseguido asilo nos
Estados Unidos. Dias depois, o chamado "suspeito número
um" foi apresentado ao público.
Era um jovem alto, com o cabelo cortado a busca-ré, olhos
claros, queixo quadrado, expressão
impassível, porte militar. Um exemplar tipicamente americano,
em nada lembrando um
homem árabe. Por alguns momentos só se ouviram os ruídos das
câmeras de TV e dos
obturadores das máquinas fotográficas. Ele usava um macacão
laranja de prisioneiro,
aparentemente sem colete à prova de balas. Estava algemado
pelas mãos e pés. Ainda seria
possível vê-lo da mesma forma, centenas de vezes, nas telas de
TV, em jornais e revistas.
Afinal, essa
era a imagem que o governo
queria que fosse assimilada pelo público. Ele foi
identificado como Timothy James McVeigh, mas, todos os que
haviam testemunhado outra
tragédia, ocorrida em Dallas em 23 de Novembro de 1963, quando
John Kennedy foi
assassinado, viram por trás dele o fantasma de Lee Harvey
Oswald. 41 Segundo
Stephen
Jones, advogado-chefe dos defensores de McVeigh, seu cliente e o
promotor-chefe Joe
Harzler, cujo maior desejo, expressado publicamente, era mandar
McVeigh para o inferno,
tinham algo em comum além de admirável tenacidade: ambos
queriam, desesperadamente,
que Tim McVeigh fosse declarado o único responsável pelo
atentado! Ainda segundo ele, seu
cliente lhe assegurara que ..."se
ninguém mais for preso ou condenado,
então a revolução
vai
poder continuar".
Ele estava convencido de que dentro de cinqüenta anos seria visto como um
herói nacional, da mesma forma que o são todos os que viveram
e morreram pela
independência dos Estados Unidos na guerra revolucionária. Tim
sabia, e declamava, de cor, a
"Declaração da Independência". Ele acreditava, com
toda honestidade, que um dia ganharia
uma estátua em Washington Mall, entre o Capitólio e o
monumento a George Washington.
Ele se descrevia não como um mártir, mas sim como um herói...
Jones relata haver recebido
uma importante pista de um policial do estado: uma perna
esquerda havia sido encontrada
entre os escombros do Edifício Alfred Murray e,
surpreendentemente, ela não fazia par com
qualquer das vítimas socorridas. Nessas circunstâncias, diz
ele, nada podia fazer a respeito da
história, fosse ela verdadeira ou não. A não ser, talvez,
deixá-la vazar para a imprensa. A
informação foi passada para o The Dallas Morning News, que só
conseguiu obter negativas
em suas pesquisas, e depois para o Time. O Time, mais
persistente, conseguiu, finalmente,
atingir o alvo. Quando passou, dias depois, por Kansas City,
Jones encontrou um batalhão de
repórteres a sua espera. Eles queriam saber o que a defesa de
McVeigh pensava a respeito da
perna extra, uma vez que o escritório estadual de exames
médicos havia liberado um
informativo confirmando a sua existência. Dizia o comunicado
que a perna provavelmente
pertencera a um homem branco (com 75% de certeza) que calçava
bota de combate, na qual
viera preso um retalho de blusa, do tipo militar. Dias após,
uma reunião entre oficiais do FBI
e de outras repartições, com médicos do mesmo escritório
estadual de perícias, e que durou o
dia todo, debateu de que modo essas autoridades deveriam lidar
com as informações já
liberadas. Quarenta e oito horas decorridas, novo comunicado foi
emitido pela mesma fonte,
seguido de debates com a imprensa, afirmando que, devido a um
erro anterior de
identificação, a perna, na verdade, não seria de um homem
branco, mas de uma mulher
negra!!! O doutor Clyde Snow, de Oklahoma, um dos maiores
antropólogos do mundo,
40 Ibidem,
mesmas fontes e datas, confirmadas pelo livro de Stephen Jones adiante
referenciado.N.A.
41 Conforme
o relato de Stephen JONES, advogado, ex chefe do conselho de defesa de McVeigh,
e de Peter
ISRAEL, no livro "OTHERS UNKNOWN", Publicaffairs,
Perseus Books, New York, 2001.
compareceu diante de representantes da imprensa e fez um rápido
pronunciamento,
assumindo a responsabilidade pelo "erro de
identificação". Nada mais disse ou respondeu e,
dando as costas aos jornalistas, saiu da sala, entrando em
longas férias... Perplexo, como
todos, Jones resolveu procurar um dos médicos da repartição
estadual, o Dr. Fred Jordan,
experientíssimo patologista forense, muitas vezes perito
convidado a atuar em júris populares.
-Isso é o que eu sei sobre a perna, disse ele a Jones: Nós
temos oito pessoas com perdas
traumáticas dos membros inferiores esquerdos e dispomos de nove
pernas esquerdas. Jones
perguntou-lhe que possibilidades poderiam existir de duas pernas
direitas terem sido
enterradas com uma das vítimas. -Zero, respondeu ele.
-"Há uma clara diferença anatômica
entre elas e mesmo um estudante da primeira série do curso de
patologia saberia fazer essa
distinção. Não obstante, dissera ele, havia na repartição o
sentimento de que a perna extra
poderia pertencer a Lakesha Levy, que estava no escritório da
Segurança Social, situado no
mesmo edifício, quando ele explodiu". A jovem patologista
encarregada do laudo, Emily
Craig, havia periciado a perna e dito que ela poderia pertencer
tanto a um homem baixo
quanto a uma mulher de estatura elevada. E, que, por
determinadas características, essa pessoa
seria negra. Lakesha era soldado de primeira classe da força
aérea, uma mulher negra, de
estatura elevada. A ficha médica de Levy indicava que ela fora
enterrada com ambas as
pernas, sendo que a esquerda estaria
pendurada por alguns
poucos tecidos. Jordan solicitou e
obteve a exumação do cadáver, para esclarecer definitivamente
o caso. Aberto o caixão, o
corpo de Levy, de fato, apresentava ambas as pernas, mas a
esquerda não estava presa ao
corpo,
como afirmava o laudo constante de sua ficha médica. O laudo estava
definitivamente
errado e a perna misteriosa pertencia, sem dúvidas, a Lakesha
Levy, conforme provou o
exame de DNA. Para o governo o caso fora resolvido e o assunto
encerrado, não cabendo
mais a ele retornar. Para a defesa de Tim McVeigh, entretanto,
persistia uma dúvida crucial: a
quem pertencia,
então, a perna
esquerda enterrada com o corpo de Levy,
encontrada em seu
caixão exumado??? Jones não encontrou resposta a essa
pergunta, nem meios ou boa vontade
para respondê-la. Passou a carregar as fotos das vítimas da
explosão, dos escombros do prédio
abatido e da nova perna misteriosa, nos périplos que empreendeu
pelo mundo em busca de
opiniões dos maiores peritos em atentados a bomba, em
explosivos e em patologia forense.
Essa peregrinação levou-o, inicialmente, a Cardiff, no País
de Gales, onde expôs ao
Dr.Bernard Knight a teoria do governo sobre a explosão da bomba
e de como ela teria sido
transportada na picape marrom, assentada no colo de Tim McVeigh.
Jones tinha consigo,
também, o laudo da Dra. Craig sobre a perna misteriosa. Knight
mostrou-se cético quanto ao
laudo de Craig, mas seu ceticismo foi ainda maior quanto à
teoria do governo americano.
Mostrou a Jones a foto de um homem cujo corpo estava partido ao
meio e lhe disse: "Sei que
as estradas nos Estados Unidos são melhores que as nossas, mas
serão tão melhores assim???
Mais de cem membros do IRA, disse ele, explodiram carregando
bombas no colo, como o
homem da fotografia, uma "mula"
do IRA, isto é, alguém
recrutado para levar o explosivo.
Ele estava carregando a
bomba de nitrato de amônio,
igual à de Oklahoma, no colo, quando o
carro sacolejou e ela explodiu. Sessenta por cento das bombas
detonadas prematuramente
eram de nitrato de amônio, as favoritas do IRA, até que seus
membros passaram a obter
plastique da
Tchecoslováquia. No caso das bombas de nitrato de amônio as vítimas
geralmente não têm o corpo dilacerado, mas morrem por
ferimentos traumáticos resultantes
dos desabamentos. Para Knight, o dono da perna misteriosa,
destroçada, teria que estar no
centro da explosão e, pela sua experiência, concluía ser ele o
próprio terrorista. Na
sua
expressão, o terrorista teria marcado um "gol
contra", como se diz em Cardiff, cidade onde o
futebol é muito popular. Em Londres, Jones teve um encontro com
um oficial do exército
inglês, ligado ao MI 5, o serviço secreto interno,
especializado nas operações de terrorismo do
IRA. Segundo esse agente, cujo nome não foi revelado, ele teria
dito a Jones: "...Eu não estou
afirmando que o seus clientes 42
não cometeram o atentado.
Estou apenas dizendo que nunca
ninguém conseguiu fazer desse jeito. Desde que nós mantemos
registros desses casos, a partir
de 1968, não existe nenhum atentado com tantos mortos e
feridos, como o de Oklahoma, que
tenha sido obra de apenas
dois homens. Se fosse tão
fácil assim, teríamos bombas explodindo
em Londres a toda hora... O
terrorismo requer infra-estrutura, materiais, financiamentos,
locais seguros, um plano de fuga, observadores, engenheiros e
liderança. Se
apenas seus
clientes são culpados, e somente eles, será preciso, então,
responder: o que é que só Tim
McVeigh e Terry Nichols sabem, que o Exército de Libertação
da Palestina, o Comando
Geral para a Libertação da Palestina, o Setembro Negro, o IRA
e todas as outras organizações
terroristas do mundo, que usam bombas de nitrato de amônio,
desconhecem? Se os seus
clientes são os culpados, então espero que eles possam
conversar conosco, antes de serem
executados, para descobrirmos como foi que fizeram isso".
Visitando o Dr. T. K. Marshall, na
Inglaterra, Jones ouviu dele o seguinte parecer, depois de
examinadas as fotos apresentadas. -
"Você deve saber que esta perna não pertence a uma
vítima. Ela é a
perna do terrorista.
Apesar de casos como o de Oklahoma serem uma raridade na
América, aqui na Inglaterra isso
acontece a toda hora. Esse negócio de vítima inocente não
reclamada não existe, a menos que
haja uma razão muito importante para um corpo não ser
procurado. Em qualquer caso
envolvendo um desastre de avião, uma bomba, um assassinato em
massa, inexistem casos de
vítimas inocentes não procuradas. Em todos esses anos na
Irlanda, nós identificamos todas
as
pessoas inocentes mortas.
Nunca existiu uma vítima
desconhecida ". Ele
declarou, finalmente,
que o local onde a perna misteriosa foi encontrada era,
provavelmente, o centro da explosão.
Mas, o que mais impressionou Jones foi a história da genitália
sem dono, relatada por
Marshall: "...Após uma explosão provocada pelo IRA, os
pára-médicos recuperaram os
corpos de todas as vítimas. Todos os homens mortos possuíam
pênis. Mas, um único falo
encontrado não tinha um corpo correspondente. Marshall e seus
colegas chegaram à
conclusão, inevitável, de que o pênis era do homem que
carregava a bomba, explodida
prematura e acidentalmente. A bomba, certamente, repousara sobre
alguma coisa no colo do
terrorista: uma prancha ou uma chapa muito grossa. Foi ela que
protegeu tudo de substancial
que sobrara da mula
irlandesa...
O MERCADO CONTRA DEUS OU DEUS CONTRA O MERCADO???
DEUS tem mais pra dar que o diabo pra levar.
Crendice popular.
O atentado a Nova York, de 11 de setembro, mostrou que algo
muito grave
estava sendo escondido do povo americano. O inner
core, a verdadeira
inteligência da mídia
internacional, (compreendendo especialistas, jornalistas
influentes, centros de debates,
universidades, sociedades fechadas, as grandes redes e agências
de notícias), tão logo
recuperados do fantástico transe inicial, parecem não haver
hesitado em conduzir,
mais uma
42 Nesse
ponto, o FBI também acusara um segundo suspeito, Terry Nichols, também
"americano da gema", de
participação no atentado. Nichols foi condenado à prisão
perpétua após um acordo feito com a promotoria, em
que negou a existência e a participação de outros
conspiradores. N.A.
vez, a opinião pública em direção aos interesses dos centros
de poder que sujeitam o planeta à
sua feição. A versão oficial da verdade
tem sido caprichosamente
esculpida por mãos
competentes para escandalizar, indignar e granjear o apoio
irrestrito do público chocado e
perplexo, cuidando para que o impensável ato de torpe agressão
venha a ser decodificado não
como o que efetivamente foi, mas, exatamente, como lhes convém
que seja. Mas, nem só a
imprensa tem culpas a purgar. Afinal, à falta de meios para
apurar fatos, restam apenas as
verdades oficiais dos press
releases governamentais.
Os governos da "coalizão antiterrorista",
eufemismo para a central
de defesa do mercado,
cumpre à risca o seu papel de depurar o livre
trânsito de informações e de cercear o trabalho independente
da mídia, restringindo liberdades
democráticas. Segundo a organização "Repórteres Sem
Fronteiras" (RSF), o Ministério da
Defesa da França proibiu uma empresa privada de serviços de
imagens, obtidas por satélite
particular, de vender fotos do Afeganistão a particulares,
ficando as mesmas disponíveis
apenas para uso do exército. Segundo aquela organização, o
governo francês teria seguido a
linha adotada pelos Estados Unidos, de restringir as atividades
da firma comercial Spot
Image,
cujos satélites podem captar objetos e formas no chão, com dez
metros ou mais de tamanho,
apenas para controlar o modo como o mundo vê os resultados da
ação militar no Afeganistão.
Robert Menard, secretário-geral da RSF, escreveu a Alain
Richard, ministro da Defesa, para
que suspenda essa proibição, sob argumento de que a
"repressão militar contra imagens de
satélites civis priva a mídia de sua função de
controle". O supostamente democrático governo
americano tem usado todas as armas como instrumento de censura,
inclusive a mais poderosa
de todas, característica do capitalismo liberal: os contratos
de exclusividade. Alegando não
somente a restrição das informações sobre operações no
Afeganistão como necessidade na
"guerra ao terrorismo’, os norte-americanos partiram para
a compra da documentação
particular disponível no mercado. Através da Agência Nacional
de Imagens, adquiriram por
dois milhões de dólares à firma Space
Imaging, de
Denver-Colorado, exclusividade de
direitos sobre todas as imagens de satélites comerciais. A
parte da mídia que atua como
sustentáculo da confederação
dos mercadores na
conquista da simpatia popular, começa a
registrar os primeiros ataques diretos de ocultos adversários,
numa espécie de tétrica
advertência: uma carta enviada à rede de TV NBC, no fim de
setembro, continha a bactéria do
antraz, contaminando jornalistas. O editor nacional do jornal
Boston Globe, Kenneth Cooper,
foi submetido a exames laboratoriais após manusear carta
contendo ameaças a judeus e à
Torre da Sears, a mais alta da cidade de Chicago, Illinois. O
Secretário de Saúde e Serviços
norte-americano, Tommy Thompson, admitiu ao programa Fox News
Sunday que "Enviar
cartas com antraz é um ato de terrorismo", mas que
"elas não seriam, necessariamente, obra
de Bin Laden, podendo
ser uma fonte doméstica, um
ressentido. Reconheceu,
ainda, que as
pessoas estão apavoradas porque nunca houvera antes um ataque
bioterrorista no país. Já o
Secretário de Defesa, John Ashcroft, no programa Face
the Nation, na CBS, disse
acreditar
que "terroristas que contribuíram para os atentados de
setembro provavelmente ainda
permanecem em território americano".
Notícias liberadas recentemente revelam a forte
possibilidade de que as bactérias contidas em cartas podem ter
sido cultivadas em laboratórios
militares americanos, o que sugeriria uma provável ligação
desses atentados com atividades
terroristas domésticas...A presença de cidadãos americanos
nos exércitos talibãs complica a
situação e expõe, ainda mais, esse gravíssimo problema
intestino. O governo federal, cuja
tendência totalitária já era por nós apreciada nestas mesmas
páginas 43,
investe com menos
democracia, aumentando seus poderes policiais em detrimento de
garantias constitucionais do
cidadão, suscitando o medo de uma nova era de macarthismo e
engrossando o coro dos
descontentes. A nova legislação remove barreiras judiciais à
escuta telefônica, facilita a prisão
por tempo indeterminado e a deportação de estrangeiros,
liberando buscas secretas. De agora
43 ABREU,
Armindo in DOSSIÊ: CONSPIRAÇÃO, Insight/INTELIGENCIA número 13, pág.116.
WWW.ARMINDOABREU.ECN.BR
em diante, tudo pode acontecer na terra
dos homens livres. Esses
poderes abusivos, que já
vinham sendo ensaiados antes, como vimos, "têm como bodes
expiatórios os
árabeamericanos,
as pessoas do Oriente Médio, os afro-americanos islâmicos e
todos que se
pareçam com eles". 44
Talvez, por isso, mais de 1200
pessoas não identificadas já tenham sido
detidas para investigações, sem culpa formada, por períodos
superiores ao permitido pela
legislação comum. Mas a história parece continuar viva,
seguindo rumos e desígnios próprios,
a despeito de contrariar a vontade dos que pretendem escrevê-la
apenas com as próprias tintas.
A verdade, portanto, pode não ser bem aquela martelada, dia e
noite, nas telas de TV, nas
ondas do rádio ou nas páginas impressas. Para compreendê-la,
é preciso, inicialmente,
dissociar o alvo
do objetivo
desses ataques
terroristas. O alvo,
sem qualquer dúvida,
foi a
própria cidade de New York, em pleno território da maior
potência bélica, política e
econômica do planeta, duramente atingida, inclusive, com
terríveis e lamentáveis perdas
humanas. Já o objetivo
focal da monumental
agressão, certamente, não foi o de ceifar vidas
entre o povo americano, nem de lhe causar mossas ao orgulho
patriótico ou, até mesmo, o de
lhe infligir pesados danos materiais. A mensagem sub-reptícia,
insidiosa, contida nessa
tremenda ofensa física parece ter sido, por tudo o que ficou
aqui relatado e apreciado, tão
somente a intenção de agredir, atingir o coração, ferir
mortalmente, alertar, desmoralizar,
destruir se possível, a gigantesca, ameaçadora instituição
materialista, transnacional, que ali
tem sua sede e quartel-general, abrigo, proteção, uma Cartago
dos tempos modernos. E,
segundo os membros do emergente partido
do medo, nativista
xenófobo e radicalmente
religioso, operaria a partir dessa formidável matriz em solo
americano, de cujo poderio e
riquezas se vale como se sua própria fosse. Como gigantesca
sanguessuga, sob a atraente
cobertura de "interesses comerciais do povo
americano", utilizar-se-ia da monumental
infraestrutura ali construída para, em nome dos mais caros
valores da civilização ocidental,
assumir o controle do planeta, corroendo e tornando letra morta,
na prática, todas as
abstrações democráticas e libertárias que o povo americano
vem defendendo, patrioticamente,
desde a guerra da sua independência. O multissecular princípio
filosófico daquela sociedade,
basilar, pétreo, tem sido paradigma para todo o mundo,
fundamento escolhido pessoalmente
por todos e cada um dos próprios "Pais da Pátria": o
de que a liberdade e a democracia
deverão vicejar em ambiência onde a escolha dos rumos da
nação e de seu governo sejam "do
povo, pelo povo, para o povo".
Esse lema visceral da nacionalidade, na extremada opinião
desses grupos radicais, teria sido subvertido, esmagado pela
força supranacional, incontida,
que emerge avassaladora. Tão perigosa e poderosíssima
instituição, melíflua, difusa, fluida,
tentacular, internacionalista, apátrida, se alimentaria e
agigantaria, em moto contínuo, pela
transfusão unilateral da prosperidade alheia em seu único
benefício, subtraindo aos povos de
todo o globo, a
começar pelo dos Estados Unidos,
o poder maior de todos, o único e original,
moral, ético e constitucional: o
de gerir seus próprios desígnios.
Segundo os donos dessas
vozes e das ações de rebeldia que empreendem, a civilização
ocidental judaico-cristã estaria
sendo compelida a prestar absoluta vassalagem ao algoz que
corrói soberanias, esmaga
fundamentos religiosos, destrói a justiça social e a
fraternidade entre os homens, impondolhes
um mundo moldado a capricho, absolutamente materialista, que os
divide e separa entre
duas espécies incompatíveis: a dos consumidores
e a dos despossuídos.
O MERCADO,
assumindo as rédeas da História, que imaginava ver extinta,
passa a ditar cartas em seu nome,
confundindo-se com a própria essência da liberdade e da
democracia universais. Tamanha,
monumental, operação de take-over
planetário, que pretendem
definitiva, irreversível,
irrevogável, recebe do marketing especializado o pomposo nome
de globalização,
muito mais
palatável do que o de governo
mundial, o que pretende
ser na verdade. O nome MERCADO,
marca de fantasia, mascara-lhe a verdadeira "razão
social" de estado
ainda não declarado, ao
44 Segundo
STROSSER, Nadine, presidente da "Associação Americana de Direitos
Civis".
WWW.ARMINDOABREU.ECN.BR
qual todos os demais devem subordinar-se, curvar-se contritos,
reverentes. Boaventura
designa-o, nessa terrível perspectiva, como "uma nação
pluriestatal", de vez que "é
constituída pelos que, de procedências culturais e étnicas
diversas, cultuam o mesmo ídolo (
Baal-Moloch ) e integram as mesmas lutas, os mesmos objetivos e
os mesmos valores ou
desvalores, o que lhes dá o status de nação" 45.
Reforçando o conceito, poderíamos acrescer
que esse estado
oculto possui, a seu
inteiro serviço, toda a infra-estrutura política, comercial e
de guerra do povo dos Estados Unidos, país que ajudou a
construir e onde se abrigou desde
sempre e, ao que tudo indica, submetendo-o pelo controle dos
postos-chaves.46 Detém,
inclusive, moeda própria, o dólar, que, como já se sabe, nada
mais é do que uma moeda
independente, terceirizada
por Washington no governo
Woodrow Wilson, através de
competentes gestões comandadas pelo Coronel
Edward Mandell House, e
emitida por um
cartel de bancos privados, conhecido por Federal Reserve System.
O Governo Federal,
confiando toda a sua política monetária americana, doméstica
e internacional, a essa
instituição bancária privada assegura, definitivamente, ao Mercado
o status de estado
independente.
Por mais incrível que possa parecer, e é, os Estados Unidos foram o primeiro
país do mundo a "dolarizar"
sua economia, na exata acepção que conferimos hoje a essa
expressão. Aos discordantes dessa moderna Hidra
de Lerna que devora,
esmaga, corrompe,
humilha e submete, o novíssimo "totalitarismo
de mercado" reserva o
"rolo
compressor" da
unanimidade universal garantida pela presença ostensiva de
integrantes dos "grupos dos sete,
dos oito, dos vinte, trilaterais e quantos mais, que formam, a
seu exclusivo talante,
organismos supranacionais privados com aparência de entidades
oficiais, sem qualquer
legitimidade jurídica
ou o indispensável suporte
eleitoral. Foi a fórmula
singela que
encontraram para impor, sem qualquer reação ou contestação,
a moratória na
democracia
universal,
substituindo, através dessas verdadeiras "ações entre amigos", as
vozes daqueles
que, oprimindo, afirmam representar: o povo. Para surpresa e
frustração dos seus mentores, os
próprios americanos, e com eles o mundo, entretanto, não
aceitaram render-se a elas sem luta.
Na visão de Dines,"...muitas bolhas estouraram ao mesmo
tempo em 11 de Setembro: a do
consumo foi a primeira. As pessoas imaginavam que ao comprar,
possuir, guardar e
colecionar conseguiriam ser imediatamente felizes. Todos
entraram no clima da abundância e
da exuberância (patrões e empregados, investidores e
trabalhadores, conservadores e
progressistas. Irmanaram-se no endeusamento do supérfluo),
produzir é o que importava. A
criação de novas necessidades passou a ser mais importante do
que a satisfação das velhas e
eternas exigências. A sacola de compras era o acessório de uma
civilização. Agora perdeu o
sentido, serve no máximo para carregar escombros..." Ainda
segundo ele, "...quem está
abatendo as imbatíveis forças do mercado e o capitalismo
desenfreado não é a esquerda, tão
desarvorada e atarantada quanto a direita, mas o homem comum
que, afinal, permite-se o luxo
de sofrer. E duvidar. Posso? Devo? Faz sentido? Para que serve?
Perguntinhas simples e
arrasadoras, engendradas pela mortandade do World Trade Center
mas capazes de perfurar
todas as bolhas e ilusões, balelas e convenções, hipocrisias
e mistificações". 47
Nessa esteira, a
aviação morre à míngua de passageiros, assim como o turismo
e as fábricas de aviões. Só a
Boeing demitiu 15000 empregados, o que eleva a taxa de
desemprego americana ao mais alto
índice da sua história, pelo "efeito cascata" que
provoca. Lojas esvaziaram-se e o grande
esforço nacional é para vê-las se encherem de novo,
"devolvendo ao povo a felicidade
efêmera de comprar". Cinemas, teatros, restaurantes, casas
noturnas vivem às moscas,
agravando a crise, multiplicando efeitos. E o atentado
demonstrou, precisamente, que a
45 Jorge
BOAVENTURA de Souza e Silva, em "A Dolorosa Colheita", na "Folha
de S. Paulo", em 24 de
Outubro de 2001.
46 Vide
"O SOMBRA", em INSIGHT/INTELIGENCIA número 10, deste autor.
47 DINES,
Alberto em "O fim das bolhas", no Jornal do Brasil de 06 de Outubro de
2002, pág. 08.
preocupação maior de Bush, passada a perplexidade inicial e
cumpridas as ações de pêsames
requeridas pelas circunstâncias, foi socorrer, imediata,
generosamente, a maior de todas as
vítimas, segundo a visão que representa, aquela que realmente
pesa e importa:...o Mercado.
Caíram, definitivamente, com as torres e com o outrora todo
poderoso deus-pagão, agora
acuado, ajoelhado, de cócoras, os velhos mitos de que possa
continuar a ser visto como o
regulador supremo da humanidade, submetendo-a ao invés de
servi-la, como nos queriam
fazer crer para que aceitássemos, pacificamente, a sua
dominação. A única e verdadeira "lei
inexorável do mercado",
ficou sobejamente comprovado, é a de que ele se subordinará,
sempre, em quaisquer circunstâncias, à vontade e capricho do
dono: o ser
humano, seja ele
ou não um consumidor!!!. Luminares de Mont Pélérin
estrebucham (sem trocadilho, por
favor) ao ver a Casa Branca ressuscitar o keynesianismo
doméstico, injetando bilhões de
dólares do contribuinte para socorrer o tropeço... Não seria
mais sensato redistribuir esse
dinheiro entre os próprios contribuintes, com instruções
específicas de gastá-lo, fazendo a
festa? Certamente atingiria os objetivos tão ansiosamente
buscados, sem suspeitas de
favorecimentos indevidos...Newton Carlos, provocador, contar-nos
que "... Já se fala nos
"caronas da crise", gente que usa o clima de comoção
provocado pelos atentados terroristas
para colocar em campo suas pulsões e promover interesses de
grupos ou pessoas, corporações
ou certas empresas. Cai afinal no melhor dos mundos a dupla que
preparou decretos
envolvendo o quanto de privacidade e direitos os cidadãos
americanos reterão. Ou permitindo
instituir tribunais militares para julgamentos secretos e
sumários, com uma única autoridade
acima deles, o comandante-chefe das forças armadas que é Bush,
aos poucos deslizando para
uma presidência imperial... As medidas de "estímulo à
economia", aprovadas pelos
republicanos com maioria apertada na Câmara dos Deputados,
botam nos cofres das grandes
corporações e nos bolsos dos mais ricos a parte do leão de
supressões fiscais de 212 bilhões
de dólares nos próximos três anos, "monstruosa
demonstração de cobiça", disse Robert
McIntyre, diretor do Cidadãos por Justiça Fiscal. Impensável,
segundo ele, que uma
emergência nacional pudesse dar nisso. Em sua coluna, no New
York Times, Paul Krugman
mostrou que de estímulo não existe nada, se trata de dar um
bom dinheiro a certas empresas, e
citou como grandes ganhadoras as de mineração e energia do
Texas. As mesmas que
ajudaram a colocar Bush e seu vice Cheney na Casa Branca. Elas
já tinham sido premiadas
com o plano de energia de Cheney. O pacote republicano foi
saudado por Bush como "parte
da luta contra o terror..." 48
Em demolidor impacto na
opinião pública mundial, que julgava
serem os Estados Unidos imunes à corrupção desenfreada que
desconhece leis, direitos,
respeito à propriedade privada e ao Bem Comum, fraqueza moral e
ética normalmente
associada a países terceiro-mundistas, a falência fraudulenta
da Enron, sétima maior empresa
norte-americana, cuja contabilidade foi deliberadamente
falsificada por seus próprios
dirigentes, mostra que as portas da degradação foram
escancaradas, como a Caixa de Pandora,
revelando toda a podre verdade do mundo contemporâneo. Com
a conivência dos próprios
auditores independentes, esse
ato de ignóbil e vergonhosa pirataria financeira cometido pela
finada Enron, envolvendo altos membros da administração Bush,
filho, a quem ajudou a
eleger, ludibriou e feriu de morte, dentro
do território americano,
além de todos os
empregados da empresa, jogados ao desamparo, os milhares de
cidadãos, investidores
institucionais e fundos de pensão que haviam aplicado em suas
ações na prestigiada "Meca do
Mercado", a New
York Stock & Exchange.
Esse fato impactante mostra o quanto deve pairar
de desconfiança pública, não só entre os investidores e
devedores em geral, mas
especialmente entre países, como o Brasil, que possuem imensos
débitos junto à banca e a
outros organismos financeiros, quanto à lisura e a correção
de suas dívidas externas. Apesar
dessas percepções, que mudam atitudes e comportamentos, os
americanos, extremamente
48 CARLOS,
Newton in "Desvios da Crise", no Jornal do Brasil de 28 de Novembro de
2001, pág. 11.
patriotas, feridos, se retraem no seu dia a dia mas ainda
continuam apoiando as ações
militares, no Afeganistão ou em qualquer outra parte, pela
frustração de terem se mostrado tão
vulneráveis em sua própria casa. É natural que busquem
vingança e a recomposição do
orgulho nacional ferido. O problema é que aumenta entre eles,
progressivamente, o número
dos que vão percebendo mentiras, adquirindo consciência desses
desmandos. Pouco a pouco,
mais olhos vão-se abrindo e permanecendo bem abertos. Se
membros das três grandes
religiões monoteístas, cristianismo, islamismo e judaísmo,
continuarem lutando de forma
extremada pela restauração de princípios bíblicos ou
corânicos na condução de suas
comunidades, do mundo e dos Estados Unidos, como sempre fizeram,
neste protestando e
atuando "contra a presença de usurpadores e ateus" no
governo, apesar dos desmentidos e da
desinformação patrocinada pela Casa Branca, é possível, e
até provável, que os atentados em
solo americano continuem sendo perpetrados. Nesse caso, a
perseguição exacerbada a outros
países estrangeiros poderá não mais surtir o efeito desejado,
com o governo perdendo o apoio
da opinião pública e, desastre dos desastres, a batalha da
comunicação. É imperioso ressaltar
que a população percebe, cada vez mais e melhor, que entre
seus fanáticos registram-se
presenças respeitáveis, membros indistintos de todos os
segmentos étnicos e religiosos da
população, inclusive militares da reserva e heróis de guerra.
Lá, como aqui ou em qualquer
outra parte, os veteranos, ou mais
antigos no jargão
apropriado, costumam empenhar-se em
missões nas quais os militares da ativa não podem, aberta ou
regimentalmente, se envolver. A
presença deles, em número crescente nas milícias, mostra que
os militares americanos
continuam propugnando por algumas das mais caras tradições de
seus ancestrais, como uma
América livre, independente e soberana, da forma que, ademais,
sempre ensinaram ao restante
do mundo, em páginas de bravura e heroísmo. Não esperem os
analistas frenéticos, torcedores
irrequietos do mercado, entusiastas dos bombardeios
avassaladores em cabeças indefesas, que
eles continuem, indefinidamente, se houver a percepção de que
visam, primordialmente, a
privilegiar negócios do que tradições e valores daquela
cultura. Dificilmente, releva insistir,
soldados de carreira aceitarão trocar o serviço à pátria por
uma duvidosa carreira de
mercenários do business, da crueldade injustificável ou de
quaisquer outros interesses
espúrios...
O próprio exército de Israel, um dos mais preparados, disciplinados e
eficientes do
mundo, enfrenta a maior demonstração de rebeldia dos últimos
tempos. Um grupo de cerca de
200 oficiais e praças combatentes assinou manifesto afirmando
que se recusava a servir em
posições na Cisjordânia e na Faixa de Gaza por estar Israel
"dominando, expulsando e
humilhando o povo palestino". O tenente Ishai Sagi, um
desses signatários, protesta haver
recebido ordens para abrir fogo contra palestinos que pegavam
pedras para atirar contra os
soldados israelenses: "Não havia discriminação sobre se
a vítima era uma criança, uma
mulher ou um homem idoso. E não havia discriminação sobe onde
balear a pessoa". A
história, se cuidadosamente apreciada, ensina que subestimá-la
poderá ser razão de novos e
surpreendentes acontecimentos... Afinal, como fica mais
evidente, o partido
do medo, como
podem imaginar os menos informados, não se compõe só de
negros ou trigueiros, nem se
comunica apenas em exóticas línguas estrangeiras. Para imensa
preocupação de Washington e
da Nação
Mercado, o terror
americano tem fé mas
porta armas e bombas, comunica-se em
inglês nativo ,e também, tem a pele branca, cabelos louros e
olhos azuis...
Rio de Janeiro, Novembro de 2001
POST-SCRIPTUM:
Em que o autor agradece aos amigos, faz marketing pessoal e
destila seus maus
humores contra a oposição solitária e sectária.
"Pretensão e água benta, cada um toma o quanto
agüenta."
Ditado lusitano.
"Eu não vim para explicar, mas sim para confundir."
Abelardo "Chacrinha" Barbosa, o "velho
palhaço", ou José Carlos de Assis ???
Gostaria de agradecer, por dever de reconhecimento, aos muitos
leitores, civis e
militares, que têm congestionado endereços eletrônicos ou
feito telefones soarem muito mais
do que o habitual. Referem-se, com simpatia, aos meus artigos
"O SOMBRA" e "DOSSIÊ:
CONSPIRAÇÃO" publicados, neste mesmo espaço, em
edições pretéritas. Agradeço,
também, à expressiva quantidade de pessoas que, mesmo sem
manusear a revista, tomaram a
iniciativa de ler, reproduzir e redistribuir cópias desses
textos a muitos cidadãos comuns, e a
outros nem tanto, a professores e alunos de colégios,
faculdades, universidades públicas e
privadas, a profissionais liberais, em empresas particulares e
estatais, nos quartéis, em outras
unidades, escolas e clubes militares das três forças, em
tribunais, parlamentos, associações
civis e entidades religiosas (e também a algumas sem religião
alguma), a unidades e
academias das polícias civis e militares de vários estados da
federação, às quais tenho
freqüentado apenas
como conferencista.
Também sou grato aos internautas pois, segundo
soube, têm acessado o site
da editora e difundido
tais artigos, através da rede, em número
surpreendentemente elevado. Fico feliz, igualmente, pelos
agradáveis desdobramentos
ocorridos em razão dessas publicações, tais como convites
para palestras, reuniões abertas ou
fechadas e participações em comitês e programas
jornalísticos. Tomo a liberdade de
mencionar tudo isso, neste adendo, por duas razões: a primeira,
por faltar à revista impressa
uma seção destinada à comunicação direta com o leitor, onde
pelo menos algumas dessas
manifestações e comentários pudessem ter sido espontaneamente
registrados. A segunda, pelo
fato incontestável de que, sendo este veículo um espaço
aberto e pluralista, obrigou-se a
publicar o único ensaio, conhecido e assinado, até hoje, em
defesa dos "sem-sono" e em
oposição a algumas das minhas teses, nunca, diga-se de
passagem, aos gravíssimos fatos nelas
denunciados. Essa atitude, embora ética e democrática,
pareceu-me, entretanto,
profundamente injusta, exatamente por deixar aqui registrada,
para a posteridade, em arte,
papel e tinta de primeiríssimas qualidades, apenas uma, a
solitária, das vertentes de opinião
dos leitores. Quanto ao conteúdo dessa matéria contestatória,
meramente opinativa,
patentemente frágil, prefiro dar de ombros e deixá-la passar
em branco. Os contundentes fatos
mundiais e seus recentes desdobramentos, se apreciados à luz
dos artigos que assinei,
inclusive deste, tornam-nos mais eloqüentes do que qualquer
réplica. Os leitores, e somente
eles, farão o devido julgamento, melhor do que ninguém. Com a
possível compreensão de
todos, desculpa-se e despede-se,
O autor.
EM TEMPO:
Este artigo foi elaborado por insistentes pedidos de meus amigos
e então
editores, da Insight-Engenharia de Marketing, para publicação
no número de Dezembro de
2001 da revista INTELIGENCIA, e seus originais lhes foram
entregues, em tempo hábil, no
dia 20/11/2001. Muito embora eu tivesse antevisto e mencionado a
eles, por diversas vezes, as
dificuldades que este meu novo texto poderia vir a causar aos
seus negócios, por fortemente
denunciador dos segredos e manobras escusas do mercado e de seu
projeto mundialista (após
a publicação do "DOSSIÊ: CONSPIRAÇÂO", alguns de
seus parceiros institucionais, todos
bancos estrangeiros, haviam começado a retirar seus
patrocínios à revista), sempre tive deles a
corajosa resposta de que o artigo seria levado ao prelo. Não
foi. Afinal, tudo tem um sensato
limite, como nos ensina Charles Freund, editorialista do
Washington Post, ao afirmar:..."
Ah!
Se acontecer de conseguires descobrir um fiapo da verdade até
podes tentar alertar as
pessoas, demolir, pela exposição, as bases dos que tramam nos
bastidores. Mas, mesmo nesse
caso, não terás muito mais a fazer. Eles são poderosos
demais, invulneráveis
demais,
invisíveis demais,
espertos demais.
Da mesma forma que aconteceu com outros, antes de ti,
também vais perder." ...
Por isso, apesar de
compreender as razões de meus velhos e queridos
amigos da Insight, pois ainda possuem uma magnífica empresa que
precisa ser preservada,
repleta de profissionais brilhantes, competentes, honrados e
estimados chefes de família que
necessitam trabalhar e sustentar seus entes queridos, lamento
repetir-lhes o que já devem
saber: Vocês
também perderam!
Eu, por minha parte, continuarei lutando, mesmo
sozinho, até quando DEUS
quiser...
Rio, Fevereiro de 2002.
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escondidas