Construção do império Norte-Americano na América
Latina:
a estratégia militar dos Estados Unidos (I) 

James Petras 

Correio da Cidadania. Brasil, 30 de junho de 2001

O Correio publica a partir dessa edição a análise do escritor estadunidense
James Petras sobre a estratégia de avanço militar dos Estados Unidos na
América Latina,
a partir de seus interesses econômicos, e justificada
através de uma propaganda legitimadora, na maioria das vezes,
inteiramente despercebida por grande parte da população. 

Introdução 

A construção de um império, em particular um império capitalista no início
do século XXI, requer uma elaborada arquitetura militar, para poder
expandir, proteger e consolidar os grandes interesses econômicos,
essenciais para os impérios modernos. Enquanto os "teóricos globalistas"
escrevem sobre as "classes dominantes mundiais" e o "fim do
Estado-nação", o aparato militar do Estado imperial tem crescido
enormemente durante a última década e tem uma importância fundamental
para promover e proteger as corporações, os bancos e as empresas de
importação-exportação baseadas nos EUA. 


O objetivo deste artigo é descrever e analisar o alcance, a profundidade e
a estratégia do aparato militar dos EUA na América Latina - destacar seus
múltiplos enlaces e controles sobre os militares e como estes controles se
dirigem a aumentar o poder do Estado imperial norte-americano. As vastas
operações dos militares dos EUA e o êxito alcançado em forjar instituições
militares dependentes, mediante uma complexa rede de programas e
atividades conjuntas, refutam a retórica sem sentido sobre o governo das
"corporações globais". Para demonstrar a importância do militar, este artigo
se centrará no Império norte-americano na América Latina. 

Em um primeiro momento, analisar-se-ão os interesses econômicos
estratégicos dos EUA e a justificação ideológica da expansão militar
norte-americana na América Latina.
Posteriormente, centrar-se-á na
arquitetura do império militar, especialmente no estabelecimento de
relações de dependência ou mercenárias.
Dando seqüência a essa
análise, serão tratados os objetivos operativos e a propaganda desenhada
para legitimar a militarização da política latino-americana submetida à tutela
dos EUA. Na conclusão, será discutido o fenômeno duplo da expansão do
controle militar dos EUA e o fortalecimento do papel dos militares nas
decisões sobre as prioridades da política latino-americana; o impacto sobre
o sustento e as estruturas do sistema político; e o papel do Império
norte-americano em esboçar a política inter-americana. 

As instituições militares estratégicas, assim como as políticas dirigidas à
América Latina, têm sido detalhadas sucintamente pelo General Peter
Pace, Infantaria da Marina dos EUA, Comandante Chefe do Comando Sul
dos EUA (em inglês US SOUTH COM). A área de responsabilidade do US
SOUTH COM abraça toda a América Central e a América do Sul, Caribe e
as águas que a rodeiam, totalizando mais de 15,6 milhões de milhas
quadradas e mais de 404 milhões de pessoas.
Este informe se baseia no
testemunho do General Pace frente ao Comitê de Serviços das Forças
Armadas do Senado dos EUA em 27 de março de 2001. 

Bases Econômicas do Império Militar 

Os arquitetos da estratégia militar norte-americana na América Latina são
perfeitamente conscientes da importância central que têm os interesses
empresariais dos EUA na hora de formular políticas.
A elaboração da
estratégia militar e os programas desenhados para aumentar o poder militar
dos EUA dentro dos exércitos latino-americanos estão legitimados pelos
interesses econômicos norte-americanos: benefícios, mercados e acesso a
matérias-primas estratégicas, em particular a fontes energéticas e a água
potável. 


O General Pace, em sua introdução ao Senado, enuncia claramente as
bases econômicas no seu discurso sobre a estratégia militar
norte-americana: "Mais de 39% de nosso comércio se realiza dentro do
Hemisfério Ocidental. Além do mais, 49 centavos de cada dólar gasto na
América Latina se utilizam em bens e serviços importados dos EUA. A
América Latina e Caribe fornecem mais petróleo aos EUA do que todos os
países do Oriente Médio" (O General Pace é bastante engenhoso no
tratamento dos dados. O "Hemisfério Ocidental" ao qual se refere aqui
inclui o Canadá, que obviamente não é parte da América Latina e é o
principal sócio comercial dos EUA no hemisfério. Em segundo lugar, é
duvidoso que se gastem 49 centavos de cada dólar na importação de bens
e serviços dos EUA, já que a maioria da América do Sul, Argentina, Brasil e
Chile, tem importantes relações comerciais com a Europa e a Ásia. Pode
ser que suas cifras se tenham inchado ao incluírem o "serviço da dívida"
como "serviços norte-americanos"). 

Devido ao aumento dos movimentos anti-imperialistas e anti-coloniais em
todo o mundo, os poderes imperiais contemporâneos, onde e quando se
envolvem nas formas mais flagrantes e evidentes de dominação, envolvem
suas políticas e instituições imperiais numa retórica democrática. 

"As ameaças" ao poder imperial se expressam em termos moralistas. O
expansionismo militar imperial se justifica em termos da luta conjunta contra
a atividade criminal internacional, hoje chamada de "terrorismo",
que afeta
diversamente tanto o centro imperial como os países latino-americanos
envolvidos. De agora em diante, tudo que ameaçar a hegemonia
norte-americana e o poder das oligarquias dominantes dos países
latino-americanos, será chamado de "terrorismo". Com a queda da União
Soviética, as ações "anticomunistas" que foram o foco da política militar
norte-americana na América Latina nas últimas quatro décadas, passarão a
ser chamadas de ações "antiterroristas", mas os métodos e os objetivo
continuam os mesmos.
Na prática, a ameaça real são as forças militares
nacionalistas e os sistemas políticos democráticos participativos que
desafiam a dominação dos EUA. Os problemas de princípio, como são
definidos pelos estrategistas militares norte-americanos, têm a ver com o
controle das conseqüências sociais derivadas das políticas neoliberais e a
exploração econômica da América Latina.

Construção do império na América Latina:
A estratégia militar dos Estados Unidos (II) 

James Petras

Correio da Cidadania. Brasil, julho de 2001. 

A expansão militar dos EUA e o fortalecimento dos exércitos
latino-americanos são a principal ameaça para o surgimento da democracia
e a estabilidade regional. Os militares, no entanto, vêem as conseqüências
- a oposição popular - produzidas pelo domínio e a exploração
norte-americanos como "a ameaça" para a América Latina. Por
conseguinte, o General Pace argumenta que "a maior ameaça para a
democracia, a estabilidade e a prosperidade regional da América Latina
são a imigração ilegal, o tráfico de armas, o crime, a corrupção e o tráfico
de drogas ilegais". A imigração ilegal está, no entanto, diretamente
relacionada com a militarização norte-americana da Colômbia, e o
empobrecimento do Peru, da América Central e do México se devem à
aplicação de políticas neoliberais. O que o Comandante do US SOUTH
COM (Comando Sul dos EUA) descreve como "ameaças" são, na
realidade, as práticas dos aliados militares do USSOUTHCOM. Os Contras
sustentados pelos EUA na América Central; Montesinos, um recurso da CIA
no Peru; Noriega, o ex-homem forte do Panamá (velho empregado da CIA),
e muitos outros militares que têm estado ativamente envolvidos no tráfico
de armas, com o conhecimento e o apoio do USSOUTHCOM. 

O aumento da emigração ilegal, um antigo problema no México, está
diretamente relacionado com as enormes transferências de benefícios,
interesses e pagamentos de royalties do México aos bancos e corporações
norte-americanas. O crescente problema da emigração ilegal da Colômbia
aos países vizinhos é o resultado da estratégia, ajuda militar e
assessoramento do USSOUTHCOM. O equipamento e o treinamento dos
esquadrões da morte colombianos (as chamadas "unidades paramilitares")
fazem parte de uma estratégia geral para militarizar a Colômbia e absolver
os militares colombianos dos massacres generalizados de dirigentes civis
dos movimentos sociais.
A verdadeira preocupação do US SOUTH COM é
que os países vizinhos da Colômbia (Equador, Venezuela, Panamá, Brasil),
que estão sofrendo os mesmos efeitos adversos das políticas neoliberais,
se mobilizem politicamente contra a dominação militar e os interesses
econômicos dos EUA. Como o indica o General Pace, "muitos dos países
que compartilham fronteiras permeáveis com a Colômbia continuarão
sendo vulneráveis à imigração ilegal e às incursões de insurgentes
armados". A militarização da Colômbia por parte dos EUA e seus efeitos de
extravasamento sobre os países vizinhos significam que o US SOUTH
COM está se mobilizando para militarizar toda a região, aumentando os
envios de armamento e o controle das forças armadas de toda essa área. A
militarização regional se denomina agora como "Iniciativa Andina". 

Tráfico de Armas 

O maior traficante de armas da região é o US SOUTH COM e não os
cartéis da droga. Os segundos maiores traficantes são os aliados militares
de Washington, com o equipamento em particular dos grupos paramilitares.
Os terceiros maiores traficantes são os cartéis da droga que trabalham com
o Exército e a polícia. As guerrilhas na Colômbia sentem falta do
armamento pesado que possuem as forças armadas, não têm nem sequer
sistemas portáteis de armas para defesa aérea. O tráfico de armas que
realizam os insurgentes é uma atividade mínima em comparação com a que
realizam o US SOUTH COM e seus aliados militares. Além do mais, os fins
e a utilização da compra de armas são radicalmente distintos: os EUA e o
Exército traficam com armas para proteger a ordem sócio-econômica
existente e aterrorizar a população, enquanto que os insurgentes, suas
armas levianas e seus mísseis "caseiros" estão destinados a derrubar essa
ordem e defender o campesinato. 

O delito e a corrupção são outros dos "perigos", segundo o General Pace,
para a democracia e a prosperidade. A corrupção da política e dos políticos
é predominante entre os que têm o poder governamental, os altos cargos
do Exército, com os quais o US SOUTH COM colabora ativamente, e os
que assessora e dirige. Cada grande escândalo de corrupção que
aconteceu na América Latina durante a década passada envolveu políticos
e oficiais que levavam adiante as linhagens norte-americanas de política
econômica neoliberal e de "defesa do hemisfério" (leia-se hegemonia dos
EUA). 

Enquanto os guerrilheiros seqüestram milionários para financiar suas
atividades, os maiores bancos norte-americanos, inclusive o Citibank, o
Bank of América e os principais bancos de Miami e outras cidades, lavam
entre 250 e 500 bilhões de dólares por ano, segundo as audiências do
Senado norte-americano. Enquanto isso, no tráfico de drogas, a maioria
dos benefícios se lavam nos bancos norte-americanos. O camponês
recebe uma fração mínima do preço final. A erradicação da coca, que
sustenta a penetração profunda dos EUA em todos os níveis da polícia,
das forças armadas e do sistema político latino-americano, é um pretexto
para o controle a longo prazo e em grande escala pelo US SOUTH COM
de todo o aparato do estado latino-americano. 

(infelizmente não consegui encontrar a parte III deste artigo. Se encontrar, envio depois. M.
Carlos)

Construção do Império na América Latina:
a estratégia militar dos Estados Unidos (IV) 

James Petras

Correio da Cidadania. Brasil, 21 de julho. 

A arquitetura da esfera militar (cont.) 

A terceira região onde o império militar tem estendido seu alcance é
o "Cone Sul", que inclui Chile, Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai.
Os últimos anos têm sido testemunhas de programas intensivos de
doutrinamento ("diálogo"), de maior colaboração militar submetida à
tutela do US SOUTH COM ("cooperação em defesa") e de
"exercícios multilaterais de treinamento" submetidos à direção
norte-americana. Com um forte respaldo de Washington, os regimes
chileno e brasileiro estão "modernizando" seus exércitos, mediante
o aumento dos gastos militares, especialmente compras dos
fabricantes de armas norte-americanos (o Chile está negociando
com Lockheed Martin a compra de aviões F-16). Dada a grande
queda do nível de vida e as fortes dificuldades para financiar a dívida
externa com os bancos norte-americanos, o resto dos países
latino-americanos tem limitações nos fundos disponíveis para
comprar armas aos EUA. 

O US SOUTH COM tem dirigido exercícios militares "conjuntos" com
os países do Cone Sul, chamados CABANAS, que se realizaram em
2000 na Argentina, contra a Constituição do país "anfitrião", sem o
conhecimento da opinião pública em geral e sem a aprovação
legislativa. Uma vez mais, estes exercícios foram organizados para
combater inimigos internos, e não invasores estrangeiros.
Têm sido
projetados para integrar os exércitos latino-americanos,
submetendo-os ao comando dos EUA na repressão da insurgência
interna, no caso em que colapsem alguns dos regimes neoliberais
envolvidos na crise econômica. A contraparte marítima dos
exercícios CABANAS são os exercícios UNITAS: o maior exercício
naval multinacional dirigido pelos EUA no hemisfério ocidental. O US
SOUTH COM tem projetado estes exercícios para organizar a
estrutura de comando, aprofundar sua influência no pessoal dos
exércitos latino-americanos e formar os oficiais nos procedimentos
e nas táticas do exército norte-americano, para implementar de
forma mais eficiente as prioridades políticas do USSOUTHCOM. 

A quarta região designada pelo US SOUTH COM é o "Sistema
Andino", que inclui a Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
No meio das revoltas populares do Equador em janeiro 2000, os
militares norte-americanos, junto com o embaixador dos EUA,
desempenharam um papel relevante, instigando os quadros
superiores do exército a derrotar a junta popular e a apoiar o novo
presidente (Noboa). Assim descreve o General Pace o papel dos
EUA: "No Equador, o US SOUTH COM tem trabalhado em estreita
colaboração com o embaixador norte-americano e o governo do
presidente Noboa, proporcionando ajuda ao exército equatoriano,
especialmente na gestão da crise nacional." 

Ao apoiar o regime de Noboa, o US SOUTH COM pôde assegurar-se
da Base Aérea de Manta na costa noroeste, uma plataforma de
lançamento chave para estender a vigilância aérea norte-americana
por toda a região andina e, mais especificamente, para proporcionar
inteligência aérea ao exército colombiano e aos esquadrões da
morte treinados e dirigidos pelos EUA, envolvidos em atividades de
contra-insurgência. Desde Manta, o império militar norte-americano
tem estendido seu controle aéreo sobre toda a América do Sul.
Como o indica o General Pace, "Manta... é a chave para reajustar
nossa zona de responsabilidade (AOR), nossa arquitetura (o aparato
militar) e para estender o alcance de nossa cobertura aérea de DM e
T (Detection, Monitoring and Tracking - em português Detecção,
Controle e Seguimento) na Zonas Fontes (zonas de produção de
droga)". 

O novo império militar tem se estendido, controlando não só terra,
mar e ar, mas também os rios da Colômbia e do Peru. O US SOUTH
COM tem treinado e equipado os militares com base nos rios de
ambos países. Em Iquitos, no Peru, as forças especiais da marinha
norte-americana, Seals, são uma grande força operacional, que o
General Pace descreve como "a maior instalação deste tipo no
AOR" (Área de Nossa Responsabilidade, em inglês Area of Our
Responsibility). 

Na Colômbia, com 1 bilhão e 300 milhões de dólares em ajuda militar
norte-americana destinada ao Plano Colômbia, o US SOUTH COM
está envolvido em todos os níveis das operações militares. Tem
treinado 3 "batalhões anti-drogas" de elite para operações
contra-insurgentes. Está formando as tripulações de helicópteros
equipados com mísseis e metralhadoras, que trabalham com os
mercenários norte-americanos sub-contratados pelo Pentágono. Os
quadros superiores e as Forças Especiais do US SOUTH COM
participam ativamente nos campos de batalha, dirigindo operações
de combate e coordenando a colaboração militar com os esquadrões
da morte, tal como se viu em El Salvador, Guatemala e
anteriormente no Vietnã. Na Bolívia, as Forças Especiais e a DEA
(Drug Enforcement Agency, em português Agência Anti-Droga)
atuam no Chapare, treinando e construindo novas bases militares. 

As atividades do US SOUTH COM estão inter-relacionadas. Os
exercícios militares multi-laterais são o prelúdio aos programas de
formação doutrinária. O General Pace declara: "O programa de
exercícios do US SOUTH COM é o motor de nosso Theater
Engagement Plan" (programas de treinamento). Os programas de
treinamento doutrinário se dirigem particularmente àqueles militares
latino-americanos que demonstram uma maior predisposição para
servir na rede militar imperial. Os oficiais latino-americanos que
completam os programas de doutrinamento são valiosos ativos do
império militar, já que muitos continuam a carreira, até se
converterem em quadros superiores.

Construção do império na América Latina:
A estratégia militar dos Estados Unidos (final) 

James Petras 
Correio da Cidadania. Brasil, 4 de agosto. 

Conclusão 

O império militar norte-americano, dirigido pelo US SOUTH COM, tem construído e estendido
múltiplas organizações regionais, coordenadas pelo Comando dos EUA de Miami e Porto Rico.
O império tem controle e influência sobre o espaço aéreo, as águas costeiras, as rotas fluviais
e terrestres - através dos aeroportos, instalações navais e bases militares. O Império está
construído e sustentado pelo fornecimento de equipes militares, treinamento e serviços aos
clientes latino-americanos e caribenhos. O US SOUTH COM executa um grande número de
programas (178 no ano 2000), combinando operações e exercícios de treinamento, cursos de
formação, equipes móveis de treinamento, intercâmbio de unidades e financiamento de
vendas militares. Sobretudo, têm utilizado conscientemente e sistematicamente o treinamento
das operações "anti-droga" para cooptar os oficiais latino-americanos e integrá-los ao
império. Na atualidade, o império militar norte-americano nos recorda os impérios coloniais:
comandantes brancos do US SOUTH COM e oficiais mestiços que dirigem os soldados de pele
escura das tropas da primeira linha de combate. Isto inclui as Forças Especiais e os
mercenários subcontratados, esquadrões da morte e conscritos, detecção eletrônica aérea e
forças paramilitares que empunham facões sobre o terreno. 

O império se estende para o sul, desde Miami, através do Caribe, América Central, os países
andinos, até o Cone sul. É um império difícil de manejar, aberto aos desafios das "deserções",
como demonstram os levantamentos militares nacionalistas da Venezuela e do Equador.
Enquanto que os EUA investem bilhões em armas e enviam milhares de assessores para
recrutar e doutrinar os militares latino-americanos, os oficiais de baixa categoria e os
soldados rasteiros estão pressionados pelas lutas sociais massivas e os cada vez mais
deteriorados níveis de vida de seus países. Têm aparecido fissuras, onde o império havia
preparado forças multinacionais. O papel do US SOUTH COM é intervir constantemente para
prevenir deserções maiores e maximizar a participação militar latino-americana. O apoio
aéreo e operativo está projetado para minimizar a utilização de forças terrestres
norte-americanas em combate. 

A pergunta é se tudo isto será suficiente. Se as crises atuais induzidas pela pilhagem
econômica levam aos levantes populares em grande escala, que solidez têm os militares
latino-americanos dependentes? Poderão compensar as forças da nação dirigidas contra o
império? A lição do Irã em 1979 é clara: um grande exército moderno, fortemente equipado e
treinado pelos EUA e seus assessores militares, pode ser vencido. 

O que está absolutamente claro é que o Estado - o Estado imperial -, mediante seu aparato
militar, é essencial para assegurar-se dos mercados e dos investimentos das corporações
multinacionais baseadas nos EUA. A total ausência de qualquer referência a este crescente
papel do império militar norte-americano nos escritos das "teorias da globalização" é outro
exemplo da vacuidade e da irrelevância de seus argumentos.

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