Cálcio e Saúde Óssea

A importância do nutriente para a manutenção da saúde.

Neuza Maria Brunoro Costa*

O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano, constituindo cerca de 1,5% do peso corporal total. Os ossos e dentes contêm cerca de 99% do cálcio, constituindo uma reserva orgânica do mineral. O restante do cálcio, apenas 1%, está distribuído nos fluidos intra e extracelular.

A concentração de cálcio no sangue é 10.000 vezes maior do que a concentração no interior da célula. Essas diferenças de concentração entre osso, sangue e célula são mantidas por um rigoroso controle do organismo.

A entrada de cálcio na célula é regulada por diversas proteínas na membrana celular e a concentração de cálcio no sangue é regulada pelo hormônio da paratireóide (PTH) e vitamina D. Quando a concentração de cálcio no sangue cai, o PTH ativa a vitamina D, que, por sua vez, promove a maior absorção de cálcio no intestino e reduz sua eliminação na urina. Se a ingestão de cálcio for baixa, vai ocorrer a mobilização de cálcio dos ossos para manter os níveis sanguíneos normais.

As principais fontes de cálcio são leite, queijo, sorvete, iogurte, bebidas lácteas, peixes com osso, ostras, moluscos, couve, brócolis, laranja, leguminosas e frutas desidratadas. Carnes e cereais são, em geral, pobres em cálcio.

A absorção do cálcio da dieta ocorre principalmente na primeira porção do intestino delgado e é dependente de uma série de fatores fisiológicos e da própria dieta. Dentre os fatores fisiológicos, a deficiência de vitamina D, a redução da acidez gástrica, o aumento do trânsito intestinal e a idade avançada promovem uma redução na absorção de cálcio.

Quanto à dieta, o oxalato (presente no espinafre, tomate, acelga, cereais integrais e leguminosas) forma um complexo com o cálcio, reduzindo sua absorção.

A presença de fitato, presente no farelo de cereais e leguminosas, e de altas concentrações de lipídios na dieta também reduzem a absorção de cálcio. A lactose do leite, por outro lado, aumenta sua absorção.

Uma alimentação rica em proteína, cafeína e sal (sódio) aumenta a excreção de cálcio na urina e o consumo de altas doses de fósforo estimula a liberação do PTH, o que pode levar à mobilização de cálcio dos ossos para o sangue.

Assim, quando o consumo de leite e derivados e de outras fontes de cálcio é baixo, e o consumo de proteínas (carnes e suplementos protéicos), cafeína (café, chá, refrigerantes e bebidas energéticas), sal e fósforo (refrigerantes tipo cola) é alto, o cálcio dos ossos será mobilizado para normalizar os níveis sanguíneos.

A preocupação com a saúde óssea deve iniciar ainda na infância e adolescência, visto que um hábito alimentar errôneo pode levar a uma menor densidade óssea, o que irá culminar num processo de osteoporose na idade adulta, principalmente nas mulheres pós-menopausa.

Portanto, crianças, adolescentes e adultos devem estar atentos não só ao consumo de quantidades adequadas de cálcio, mas também devem praticar atividades físicas e manter exposição regular ao sol para promover a produção de vitamina D e a calcificação.

Ao mesmo tempo, é necessário evitar excessos de proteínas, alimentos salgados e refrigerantes, entre outros, que podem reduzir a utilização do cálcio para formação de ossos saudáveis para toda a vida.

* Neuza Maria Brunoro Costa é Professora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais.

VOLTAR