.Jornal do Brasil                           

Influência norte-americana sobre vizinhos do Brasil estaria causando desemprego e avanços do crime organizado e da violência

 

O relatório do GTAM deixa claro que há uma forte presença dos EUA em praticamente todos os países vizinhos ao Brasil, especialmente na região amazônica. E relaciona essa presença a um quadro de desestruturação e fragilização dos governos e das sociedades locais:

"Os Estados da região foram induzidos a promover reformas para reduzir o efetivo e a influência das Forças Armadas, cuja tendência nacionalista poderia prejudicar a execução da nova estratégia econômica neoliberal. Assim, a situação nesses países apresenta características muito semelhantes - longa estagnação ou lento crescimento econômico, compromissos externos elevados, alta vulnerabilidade a flutuações externas, desarticulação do Estado, pressão externa renovada para que adote políticas ainda mais neoliberais, frequentemente causando desemprego elevado, crime organizado e violência urbana".

Com base nessa avaliação em bloco, o relatório traça um quadro caso a caso, nos países vizinhos à Amazônia. Veja a seguir algumas dessas avaliações.

Venezuela

"A hostilidade entre os governos da Venezuela e dos Estados Unidos vem se agravando paulatinamente e deve se agravar mais ainda. O governo de Hugo Chavez sofre os efeitos de uma operação internacional da mídia que procura caracterizá-lo como louco e ditatorial. (...) Pode-se esperar que os Estados Unidos se esforcem para minar o governo venezuelano e mesmo, se houver condições, contribuir para sua derrubada. Mas não se espera uma atitude militar nem mesmo sanções econômicas devido à grande dependências de ambos à produção venezuelana de petróleo. (...) As disputas entre Colômbia e Venezuela tenderão a se agravar a partir da violação de fronteiras, do eventual homízio de guerrilheiros colombianos e da aceleração da emigração, criando risco de surgimento de movimentos cuja reação seria difícil de prever, mas que forneceriam o desejado pretexto para intromissões internacionais."

Colômbia

"há um forte envolvimento estadunidense na guerra civil" e, apesar da divulgação de que teria havido redução global das zonas de plantio de coca no país, "há indícios de que os produtores abandonaram o método de cultivo em grandes plantações e adotaram técnicas de pequenas culturas no interior da selva, dificultando a detecção por satélite e a aspersão de herbicidas". O país já estaria inserido na produção de heroína, com capacidade de produção para atender à demanda por consumo da droga dos EUA. O GTAM alerta ainda que já "há suspeitas de plantações de papoula no Equador, na Bolívia e na Venezuela". Tudo para atender ao consumo norte-americano.

Equador

"O profundo e histórico ressentimento da maioria indígena contra a minoria branca é capaz de colocar em cheque o sistema político tradicional, enquanto o Estado faz acordos com os EUA para utilização militar da base aérea de Manta para apoiar o Plano Colômbia, o que envolve o Equador na explosiva situação colombiana."

República Guiana

(ex-Guiana Inglesa)

"Pode-se prever, em longo prazo, a inevitabilidade de conflitos com a Venezuela e com o Suriname por terras tomadas no tempo do domínio britânico. Conforme o resultado desse previsível conflito, as terras (hoje da Guiana) tomadas ao Brasil ou ficariam em posse da Venezuela ou a Guiana ficaria em dois pedaços separados por uma faixa venezuelana. Considerando que a população brasileira foi expulsa da área somente no terceiro quartel do século 20, a ferida ainda está aberta e a população de Roraima pode não ser indiferente a uma retomada.

Guiana Francesa

"É um caso à parte, pois se encontra sob domínio colonial da França, que a considera parte integral do território francês, como se a Guiana se encontrasse na Europa continental." No início do relatório, os membros do GTAM já haviam ressaltado que "da pressão internacional sobre a região, basta lembrar que em 1989 o presidente francês (François) Mitterrand afirmou que o Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia".

voltar

www.resistenciabr.org